Nove meses depois da entrega de casas, moradores do CDHU cobram iluminação pública em Cachoeira
Conjunto habitacional era prevista para 2012, mas esbarrou em trocas de empresas e acusações de irregularidades
Francisco Assis
Cachoeira Paulista
Depois de esperar sete anos pela entrega das casas, as famílias sorteadas pelo CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional) não conseguem se livrar de problemas com o novo lar. Das duzentas unidades prometidas, cinquenta foram entregues entre dezembro de 2014, mas os moradores ainda não sabem quando terão iluminação nas ruas do conjunto habitacional.
Parte das casas entregues já tiveram a estrutura reforçada, com muros e garagens, e até mesmo ampliadas. A motivação não é só estética. As famílias estão preocupadas com a segurança do residencial, já que as noites são mais escuras para quem pegou as chaves do polêmico conjunto habitacional.
Instalados em dezembro, os postes não têm nem mesmo o braço para as lâmpadas e os moradores contam que já se cansaram de cobrar a Prefeitura e o CDHU. “Quando a gente mudou, tinha umas coisas pra arrumar e eles arrumaram, mas a gente tá pedindo já faz tempo a iluminação na rua e não resolvem. Estamos cansados, porque ninguém atende o que pedimos”, criticou o auxiliar de serviços gerais Jaime Benedito Gonçalves, que mora no local desde dezembro do ano passado. “Todo esse tempo, nove meses, e eles ainda não colocaram a iluminação”, concluiu.
Cansados de esperar, as famílias prepararam um abaixo-assinado para cobrar na justiça a instalação das lâmpadas. Enquanto isso, luminárias são improvisadas pelos próprios moradores.
O pedreiro João Batista Rufino é um dos moradores que enfrentam dificuldades com a falta de iluminação. “Minha casa foi entregue com problemas. O piso está oco, fora a iluminação na rua, que nem tem. O pior é que vem a cobrança da taxa de 5% não falta. Fico preocupado, porque meu menino estuda longe e chega em casa quando está escuro”.
Outro problema que os moradores revelaram é que com a escuridão no bairro, o risco de acidente é grande, devido ao gado que atravessa as ruas.
O coordenador regional da CDHU, Francisco Assis Vieira, o Chesco, garantiu que o órgão estadual entregou as casas de acordo com o que pediu o contrato e que ficou a cargo da Prefeitura de Cachoeira a instalação da iluminação pública.
“Temos que entender que esse ano todos os prefeitos estão na beira do abismo, sem dinheiro pra nada. Mas vamos seguir cobrando a Prefeitura, porque está faltando braços, reatores e lâmpadas. Até para garantir a segurança dos beneficiados”, frisou.
Apesar dos problemas no conjunto habitacional, Chesco acredita que outras sessenta moradias devem ser entregues até o final do ano. “Queremos entregar mais sessenta casas. Se não entregar sessenta, pelo menos uma parte ainda este ano.
Prefeitura – Procurada pelo Jornal Atos, a administração municipal revelou que o processo licitatório para a instalação da iluminação pública no local já teve início.
Sobre a demora na entrega, a Prefeitura garantiu que o atraso foi causado pela “delonga nos repasses do CDHU”, que o prefeito se reuniu com o presidente da CDHU, Marcos Rodrigues Penido, reforçando o pedido para que as verbas necessárias à construção das casas fossem encaminhadas o mais breve possível e que não há um novo prognóstico para as entregas.
Entenda o caso – Contratado em 2008, mas com um atraso de sete anos, o conjunto habitacional teve cinquenta unidades entregues pela Prefeitura de Cachoeira em dezembro de 2014. As obras passaram por várias paralizações, causadas por problemas desde irregularidade em empresas, até documentação do contrato.
O governo do ex-prefeito Fabiano Vieira (PTB) chegou a substituir por três vezes a empresa responsável pela construção das casas, sorteadas em 2010.
O Ministério Público ordenou outra paralisação das obras, desta vez depois de receber denúncia de suposto desvio de verbas.
Ao ser eleito, em outubro de 2012, João Luiz Ramos (PT) contatou a gerência regional do CDHU e conseguiu a liberação em setembro das obras de pavimentação e a abertura do processo licitatório para a contratação de uma nova empreiteira.
Semanas depois, a obra novamente foi paralisada por determinação do Ministério Público.
A obra tem um orçamento de R$ 9,2 milhões por parte do CDHU. Cada unidade tem 48m² de área construída e conta com dois dormitórios, sala, cozinha e banheiro.
Os novos mutuários terão o prazo de até 25 anos para quitar o financiamento. As prestações serão subsidiadas pelo Governo do Estado e calculadas de acordo com o rendimento familiar.