Após recorrer a Lorena, Cachoeira não tem previsão para volta da maternidade
Atendimento segue parado; hospital mantém reformas depois de período de paralisações

Jéssica Dias
Cachoeira Paulista
Após mais uma greve na Santa Casa de Cachoeira Paulista, que paralisou o atendimento no hospital, o Pronto Socorro voltou à ativa em fevereiro. Mas as gestantes da cidade continuam sem a maternidade, que segue parada, sem data prevista para volta. As pacientes estão sendo encaminhadas para a Santa Casa de Lorena após o convênio assinado com a DRS (Departamento Regional de Saúde). Atualmente, 24 leitos estão em funcionamento no hospital, 16 para internações e oito para observações masculinas e femininas.
A expectativa agora é para a retomada do atendimento no centro cirúrgico e na maternidade. Os espaços físicos já foram reformados, ampliados e estão adequados pela Vigilância Sanitária.
Devido à falta de uma referência na região, o centro cirúrgico aguarda a autorização junto ao DRS e Ministério da Saúde para voltarem a operar até o final desse ano.
Já a maternidade tem uma estimativa maior de demora. Sem data para o retorno, Cachoeira precisou regularizar seu convênio de R$ 25 mil mensais firmado pelo ex-prefeito João Luiz Ramos (PSB), com a Santa Casa de Lorena, que passou a receber a demanda de atendimento cachoeirense.
“Tivemos que resolver a parte de burocracias, as questões contratuais da Santa Casa com relação a atrasos, contratos mal feitos, que não estavam sendo cumpridos. Um dos últimos foi em relação a maternidade, que tinha um contrato irregular com a Santa Casa de Lorena, estava em atraso. Foi feita uma negociação e conseguimos estabelecer através da DRS uma forma de referenciamento, que é justo pelo SUS (Sistema Único de Saúde)”, afirmou o diretor geral da Santa Casa, Alexandre Alves.
O atendimento em Lorena será custeado pelo Estado, que deve repassar R$ 20 mil mensais ao hospital. Além de Cachoeira, o acordo firmado entre o DRS determinou que a Santa Casa de Lorena passa a atender também as gestantes de Aparecida, Roseira e Potim.
PS – Para abrigar o Pronto Socorro foi reformado o Pavilhão Íris, localizado na parte de cima da Santa Casa, com um corredor amplo, as salas arejadas e ventiladas.
As reformas e ampliações foram feitas em parcerias por meio de doações de empresários e mão de obra dos próprios funcionários da Santa Casa e da Prefeitura. “Nessa reforma o orçamento não passou de dez mil reais, por conta de alguns serviços que não tinham como ser voluntariados, por exemplo, a aplicação dos pisos específicos para atender a emergência, que ficou em torno de seis mil reais”, explicou o diretor da Santa Casa.
Com a reforma, entregue em fevereiro, foram restabelecidos Pronto Socorro, sistema laboratorial, raio X, internações através das clinicas médicas, salas de emergência, estabilização, inalação, pediatria, observação masculina e feminina e observação psiquiátrica.
“Depois da reforma estão sendo feitos cerca de seis mil atendimentos mensais. A demanda dobrou, são em média duzentos atendimentos por dia”, explicou o secretário de Saúde Guilherme Marcondes, que já ocupou o cargo na gestão do ex-prefeito Fabiano Vieira (PTB), e foi vereador de oposição no último mandato, quando fez parte do grupo que fiscalizou os passos da Prefeitura referente à crise na saúde.
Além da reforma estrutural, o corpo clínico foi refeito junto ao CRM (Conselho Regional de Medicina). Atualmente são mais de 27 médicos atuando na Santa Casa, sendo 15 plantonistas. O anestesista, Dr. Jair Alves, ocupa o cargo de diretor clínico. São cem funcionários trabalhando diariamente, incluindo administrativo, limpeza, vigia, técnico de enfermagem, telefonia, recepção e corpo médico. De acordo com Marcondes, somente em salários atrasados, o hospital pagou R$1,2 milhão aos funcionários. O valor foi retirado do orçamento da secretaria de Saúde.