Alunos ocupam escola em protesto contra determinação do Estado

Colégio estadual em Cachoeira segue fechado; estudantes questionam falta de informações

 

Francisco Assis

Cachoeira Paulista

Alunos da João Bastos protestam contra fechamento da escola por determinação do Estado (Francisco Assis)
Alunos da João Bastos protestam contra fechamento da escola por determinação do Estado (Francisco Assis)

Cidade valeparaíbana mais afetada com a reorganização escolar, promovida pelo Governo do Estado, Cachoeira Paulista teve uma semana de protestos com ocupação de um colégio por cerca de 150 estudantes. Já outra escola da cidade, no bairro rural Embauzinho, teve a promessa de reavaliação da situação.

Os alunos protestam contra o fechamento da escola João Bastos Soares, no Jardim Trabalhista, uma das três unidades fechadas na cidade pela reorganização da educação. A escola atende alunos do 6º e 7º ano do ensino fundamental, além dos três anos do ensino médio. Com a ocupação, nesta quinta-feira, as aulas foram suspensas.

A estudante Estéfani dos Santos, aluna do segundo ano do ensino médio, contou que os jovens se revezam e tem recebido ajuda para seguir com o protesto, como alimentação.

Segundo ela, o diretor regional de ensino de Guaratinguetá, Cândido José dos Santos passou pela escola, mas não deu atenção aos alunos. “Ele (Candido) se reuniu com a diretora e disse que não tinha jeito, que essa escola não era nem pra existir, mas se é assim, porque que construiu? Quando estava precária, não queriam fechar, mas agora que reformaram ela, que está boa, querem fechar”, questionou Estéfani.

A estudante disse ainda que o diretor regional voltou à escola, mas ficou de costas para os alunos. “Só disse que é uma decisão irrevogável do governador”.

Marta Rodrigues é mãe de Estéfani e acompanha a filha e os alunos na escola, ajudando a limpar o local. Para ela, falta transparência para explicar a situação aos pais e alunos. “Estou aqui ajudando eles, para manter a escola limpa, apoiando nesta questão. Ficamos tristes com tudo isso, porque essa escola é muito boa, as pessoas que trabalham aqui são boas e eles (Estado) não explicam direito os motivos”.

De acordo com o projeto estadual, a unidade seria municipalizada e os alunos serão transferidos para a escola Padre Juca na Vila Carmem. “Para eu me deslocar não é longe, mas é um problema a mais, um perigo para as crianças. Outra coisa é que, a escola tem ótima estrutura, tem acessibilidade, tem elevador, lousa digital. A escola que eles querem nos mandar não tem nada disso. Vamos regredir lá”, protestou Estéfani.

Outra aluna da João Bastos, Aline Nunes garantiu que o grupo não teme represálias. “Vamos continuar aqui, mesmo que falte alimento, que cortem algumas coisas, não vamos deixar a escola sozinha. Ele (Candido Santos) disse que vai cortar água e luz, mas não vamos desistir do nosso objetivo”.

Apesar dos protestos, o diretor regional negou a possibilidade de cortes na água e luz, mas apenas. Segundo ele, o motivo do fechamento é a queda na demanda, já que o colégio contava com 150 alunos, mas o número caiu para 130, com expectativa de 110 no próximo ano. “Conversamos com eles (alunos) e estamos aguardando a decisão. Não vamos forçar ninguém a sair, apenas tentar acertar isso no diálogo. Semana que vem, se não prosperarmos, vamos pedir a reintegração do prédio para garantir o ano letivo”.

Embauzinho – Enquanto os alunos travam uma queda de braço com o Estado para manter a João Bastos Soares, outra escola da cidade pode ficar de fora da lista das unidades fechadas pelo governo.

O Estado aguarda uma nova proposta para evitar o fechamento do colégio Embauzinho.

O diretor regional de educação disse que espera a lista com os possíveis problemas que a medida pode trazer que deve ser entregue pelos moradores do bairro, localizado na zona rural de Cachoeira Paulista. Entre elas, a distância para a unidade que receberia os estudantes, cerca de 5,8 quilômetros.

O documento será levado ao secretário de Educação, Herman Voorwald. A escola do Embauzinho atende hoje 134 alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e também do 1º e 3º ano do ensino médio. Pelo projeto, o espaço seria municipalizado.

Além de João Bastos Soares e do Embauzinho, a escola Professora Regina Pompeia Pinto também deve ser fechada. Com três unidades, Cachoeira foi a cidade do Vale do Paraíba mais atingida pela reorganização escolar, afetando 614 estudantes e 98 funcionários.

Compartilhar é se importar!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

× Como posso te ajudar?