Moradores protestam na porta da Santa Casa em Aparecida

Grupo pede volta dos atendimentos médicos suspensos desde o início do ano; ortopedista é a principal reivindicação da população

Cansados por falhas no atendimento da Santa Casa, moradores protestam em frente ao hospital; grupo cobra volta de especialidades (Foto: Rafael Rodrigues)
Cansados por falhas no atendimento da Santa Casa, moradores protestam em frente ao hospital; grupo cobra volta de especialidades (Foto: Rafael Rodrigues)

Rafael Rodrigues
Aparecida

Cansados do caos estabelecido na Santa Casa de Aparecida, moradores da cidade se reuniram na porta da entidade na manhã da última terça-feira para se manifestarem e colherem assinaturas pedindo a volta de especialidades suspensas desde janeiro.

Dentre os médicos que mais são solicitados pela população, os ortopedistas tem feito falta, e por essa razão a moradora Lídia Almeida foi para porta do hospital com cartazes, panfletar e mostrar sua insatisfação.

A moradora contou que há vinte dias seu marido sofreu uma queda, fraturou o braço e não conseguiu atendimento na Santa Casa de Aparecida, sendo obrigado a ir para Guaratinguetá. “A gente pensa que está tudo bem e não vai acontecer nada, mas uma hora ou outra, precisou e vem na Santa Casa e não tem atendimento. Não tem ortopedista, não tem outras especialidades. Estamos aqui pedindo para os responsáveis para ajudar a voltar ao normal o atendimento”.

Meire Cristina também passou por esse problema. Ela também estava se manifestando na porta da entidade em busca de solução para o problema. “Eu precisei recentemente de ortopedista e não consegui atendimento pelo SUS, o que é um absurdo, porque estamos em uma cidade que recebe milhões de pessoas, chegar aqui e não ter atendimento. Eu tive que pagar, ou seja, se pagar você tem. Não estamos pedindo esmola, porque pagamos impostos e temos direito”.

Nair de Almeida fez parte do grupo que estava na porta da Santa Casa. Ao contrário da maioria, ainda não sofreu com a falta de atendimento, mas mostrou solidariedade aos pacientes. “Eu, por enquanto não, mas tenho visto bastante gente passando por dificuldades, hoje pode ser um amigo, amanhã um parente”.

Até 2016, um dos argumentos da entidade para que suspendesse o atendimento, que inclui cirurgias eletivas em ortopedia e ginecologia, era de que a Prefeitura atrasava constantemente o repasse para manutenção do Pronto Atendimento, o que gerava um desequilíbrio financeiro em toda entidade.
Mas desde que assumiu o Executivo, o prefeito Ernaldo Cesar Marcondes (PMDB) não tem atrasado a verba de R$360 mil mensais.

Também é repassado mensalmente pelo Estado R$ 70 mil, através de recursos do SAI (Sistema de Informação Ambulatorial), que seriam gastos em despesas de urgência e emergência.

Em contrapartida, Frei Daniel Kurt, administrador da Santa Casa, alegou que os valores não são suficientes sequer para manter o Pronto Atendimento, muito menos uma equipe de retaguarda. “O custo do serviço sem a retaguarda, fica em R$410 mil. Se eu tiver esse serviço com o apoio da retaguarda, vai para cerca de R$ 650 mil, ou seja, não cobre nem o que temos hoje, mas ainda assim conseguimos manter o que temos hoje”.

Atualmente a Santa Casa funciona apenas com a Clínica Médica de internação, UTI Adulto e o Pronto Atendimento 24 horas, com um clínico geral e um pediatra. “Se chega um caso cirúrgico que não tem como esperar, vamos inserir ele no Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde) e vamos acompanhar a liberação de vaga para que seja feito o procedimento”, finalizou o religioso.

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