Charreteiros pedem nova lei para profissão e cuidados a animais nas ruas de Aparecida

Grupo se reúne com secretário para solicitar criação de norma; ativistas cobram maior fiscalização

Charretes esperam por movimento em área central de Aparecida; grupo cobra implantação de lei e rigor para atuação de profissionais (Foto: Juliana Aguilera)
Charretes esperam por movimento em área central de Aparecida; grupo cobra implantação de lei e rigor para atuação de profissionais (Foto: Juliana Aguilera)

Juliana Aguilera
Aparecida

A discussão sobre maus tratos de cavalos em charretes e carroças em Aparecida é destaque recorrente em noticiários. Recentemente, uma denúncia foi feita sobre charreteiros que usavam drogas em um dos pontos do passeio turístico. Entre problemas com ativistas e trabalhadores irregulares, os charreteiros tentam manter a tradição na cidade.

Na última segunda-feira, eles se reuniram com o secretário de Trânsito, Marcelo Monteiro, para debater a implantação de um nova lei para a profissão.

O objetivo das novas regras é regularizar os charreteiros que estão trabalhando com cavalos maltratados, aceitando transportar um número alto de passageiros e também para os que terceirizam o trabalho para menores de idade.

Monteiro afirmou que a lei antiga não fala muito da questão animal, e agora ela será aprimorada, adicionando leis do Estado, para que o trabalho de tração animal seja realmente regularizado.

O secretário afirmou que a lei já está sendo esboçada e que não deve demorar para ser votada, mas que na próxima semana novas providências de fiscalização já devem ser tomadas. “Vai ter um funcionário do departamento de Trânsito junto à Guarda Municipal no local. Se verificarmos irregularidades, vai-se receber uma advertência. Se permanecer, nós vamos fazer a cassação do ponto”, garantiu.

O secretário destacou que haverá a criação de um grupo entre os charreteiros para liderar os 37 profissionais. “Não é bem uma associação. Vai ter alguns líderes no ponto, onde eles vão ser o porta-voz da administração”, contou. Ele reforçou a conversa e punição para quem desobedecer a lei. “Talvez nesse final de semana, ou no outro, vamos começar a orientar eles para irem se adequando. Se eles não respeitarem a lei, não vão trabalhar lá”.

Irregularidades – Muitos charreteiros acabam transportando dez pessoas na charrete, não revezam cavalos em datas de movimento e ainda utilizam os animais na semana para carregar lavagem para criadouros de porcos clandestinos. O charreteiro Fábio Henrique trabalha no ponto de passeio há nove anos, mas afirmou que a profissão vem de família, e se preocupa com a reputação da categoria. “Para manter um cavalo bem tratado é caro. Aí, vem um cara de fora, só judia do animal, vem com o cavalo “desferrado”, judiado (sic). Quem acaba andando certo, acaba levando a mesma”, criticou o charreteiro, que tem quatro cavalos.

Ele comentou ainda que a água disponível para os animais vem de uma propriedade particular. “A Prefeitura não dá a água. Antigamente tinha as torneiras, mas andarilhos começaram a quebrá-las, roubar registro, e eles acabaram desligando”.

Atualmente Prefeitura de Aparecida não tem uma secretaria que cuide diretamente das situações de animais maltratados e explorados. Na cidade, a ONG Associação Responsável pela Proteção Animal de Aparecida é conhecida na cidade por resgatar animais de rua, mas ainda priorizam animais de porte pequeno, como cachorros.

Segundo o funcionário da secretaria do Meio Ambiente, Roberto Dutra, a ONG está aguardando o título de Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), que trará força financeira e política. Dutra, que tem contato direto com a ONG, afirmou que o título já está em Brasília e deve ser recebido ainda em 2018.

A ativista Rosangela Coelho, criadora do Santuário Filhos de Shanti, considera a prática uma exploração. “Eu fui lá e observei. Vi eles saindo nas charretes com 4, 5, 6 pessoas, retornando exaustos. Ficavam lá atrelados a charretes, o que é proibido por lei. Existe uma lei estadual em que o animal não pode descansar atrelado a uma charrete”.

Rosangela também se preocupa com o destino dos animais. Seu santuário já resgatou muitos cavalos debilitados e machucados, que foram abandonados aos 15, 16 anos. Devido aos esforços, eles tiveram seu tempo de vida encurtado. Ela afirmou que não é contra o passeio turístico, mas gostaria que não fossem vinculados ao sofrimento do animal. “Existem outras formas, como carrinhos. A despesa até seria menor”, concluiu.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *