Atos e Fatos
“De 15 em 15 anos, o Brasil esquece o que aconteceu nos últimos 15 anos”
Ivan Lessa, economista
Professor Márcio Meirelles
ONDE NOS PERDEMOS?
De 1950 a 1980 o Brasil foi o país que mais cresceu no mundo, ou seja, no século XX.
Éramos a China de hoje!
Comentava-se mundialmente sobre o “Milagre Brasileiro”.
Para os estudiosos havia uma clara relação de causa e efeito e para o mundo político e sociedade um fato natural, normal, a evolução econômica e social do país.
O setor rural tinha importância relativa na participação do PIB, 21%, peso semelhante ao da indústria de transformação.
Este atraso econômico motivou JK a reverter este quadro usando pesados investimentos públicos e privados nos setores da indústria e infraestrutura, condensados em seu Plano de Metas.
Entre 1956 e 1962 a economia brasileira cresceu, respectivamente, 7,7%, 10.8%, 9,98 % e 9,4%. Crescimento chinês!
Na verdade, o crescimento estava relacionado a brutal migração do homem do campo para as cidades.
A falta de assistência médica, seguridade social, estabilidade no emprego, a “carteira assinada” era a conquista de uma grande massa de trabalhadores socialmente desassistidos.
Uma conquista de “status” social.
A carteira do trabalho passa a ser a sua identidade cidadã.
Os indivíduos se tornavam mais produtivos em empresas organizadas, recebiam treinamento, transferência de tecnologia trazidas pelas empresas estrangeiras, acesso à educação e ao mercado.
A produtividade cresceu significativamente.
O problema é que o mercado não estava preparado para receber uma enorme demanda em um espaço curto de tempo. Não há oferta suficiente para este enorme contingente.
Inauguramos solenemente a inflação brasileira!
O campo esvazia e as cidades incham!
A falta de moradia (criação de favelas), transporte coletivo precário (o Estado precisa subsidiar), a falta de atendimento na saúde (doenças originárias do campo e baixa aquisição de proteínas), saneamento básico (até hoje não sanado), a evasão escolar (possibilidades de trabalho), a falta de segurança pública (advento das drogas), movimentos sociais (tumultos), movimento sindicalista (restauração da luta capital x trabalho) e segue.
Nas cidades, tudo tem que ser comprado!
Onde nós erramos? Na falta de um planejamento estratégico, visão política e social da transição da fase agrícola para a industrialização.
A literatura econômica e social é repleta de estudos e experiências desta transição. Ignoramos!
A partir da década de 1980 a inflação anual saltou de um para quatro dígitos, causando ineficiência e baixa produtividade da economia.
Herança do período militar que nos legou a maior dívida externa do ocidente e a maior inflação registrada no mundo, com exceção da Alemanha, em 1922.
Na década de 1990 dois momentos de alento e esperança: o Plano Real e o super ciclo das commodities, a partir de 2000.
O Plano Real reduziu ineficiências, promoveu mudanças institucionais, continuou com os processos de privatização e estabilizou a moeda.
Todavia, não resolveu a crise fiscal de 1989, mas enfrentou e superou as crises internacionais da Rússia, Coreia e México.
O Plano Real cumpriu a sua missão na estabilização da moeda, mas a sua complementação seria com as necessárias reformas estruturantes do país. Nada feito!
De 1980 a 2022, o PIB médio do país: 0,67%!
Ficamos pelo caminho. Nos perdemos!