Atos e Fatos
“De duas uma: Ou você não tem memória ou não teve História! Quero acreditar que a sua deficiência não seja dupla.”
Valéria Nunes de Almeida e Almeida
Professor Márcio Meirelles
GOVERNO LULA (2003-2006)
Pela maneira como o presidente Lula têm se dirigido à sociedade para ele nada mudou no país nestas duas décadas.
O país mudou, a sociedade se informou, não somos os mesmos.
Na verdade, a primeira vitória do presidente Lula, em 2003, é resultado dos debates programáticos de 2001 no partido dos trabalhadores.
Com o título “Um outro Brasil possível”, um plano econômico com as seguintes propostas:1 – a renegociação da dívida pública; 2 -um teto nas receitas para disponibilidade de recursos destinados ao pagamento de juros da dívida pública (calote).
Posteriormente, este plano foi rebatizado de a “Ruptura Necessária” que não causou tanto “espanto” no mercado por estar longe das eleições.
Na mesma época o projeto “Fome Zero” que não esclarecia em detalhes os recursos para a sua implantação era acompanhado de uma série de benefícios como: conceder um salário-mínimo aos trabalhadores não contribuintes da Previdência (causaria um déficit da ordem de 2% do PIB com este benefício); os recursos do programa seriam patrocinados pelo Tesouro Nacional.
No total representaria um gasto de 5% do PIB para estas medidas, logo, um aumento da dívida pública.
Nada disso aconteceu.
Independente das razões que o programa foi abandonado, o fato que o partido dos trabalhadores preferiu uma moderação, talvez diante da crise econômica da Argentina e a dificuldade do país em recobrar o crédito externo e a presença do FMI.
Na “Carta ao Povo Brasileiro” o comprometimento de manter a preservação do superávit primário e controlar a dívida interna a fim de não destruir a confiança no governo em honrar com seus compromissos.
Por último, o compromisso de respeitar o acordo com o FMI negociado no final do governo FHC.
Lembrar o episódio que antecedeu as eleições em que o presidente Fernando Henrique conversou com todos os pretensos candidatos à presidência expondo a situação econômica financeira do país e os acordos para o pagamento da dívida externa deixada pelos militares.
Com a maioria dos candidatos alguns minutos foram suficientes.
Com Lula a conversa durou horas!
Com as medidas de aperto monetário e fiscal que o governo Lula teve que empreender, a “guinada” do mercado após a onda de desconfiança na campanha eleitoral, agora, a certeza da política de continuidade do governo FHC e a implementação das reformas estruturais não completadas no governo anterior.
A Reforma Tributária e da Previdência Social.
O desempenho da economia a partir de 2003 foi decisivamente influenciado pelas evoluções da economia internacional, ao regime de metas de inflação e da taxa de câmbio e controle da dívida.
No início do governo (2003), com o dólar pressionado, em função da crise Argentina, a taxa Selic nominal anualizada foi aumentada de 25% para 26,5% entre setembro de 2004 (ironia do destino)!
A taxa de juros no período tem aspectos interessantes (pra que tanto barulho) em 2005 passou a 11% em média no período 2003-2006, superior à do segundo mandato de FHC, apesar de ter descido para 6% no período de 2007-2010.
Portanto, o presidente Lula já vivenciou taxas Selic do tamanho da atual e o importante, o país não foi destruído!
A taxa atual de 13,75% é a herança maldita de Bolsonaro o que politicamente seria mais interessante criticar o governo que saiu e indicar as soluções de seu governo para pôr ordem na casa.
É estranho analisar a conduta do presidente um político com tanta experiência jogar fora oportunidades para virar o jogo.
Da maneira que está se comportando está criando uma oposição: a sua postura política diante dos problemas que herdou.
O núcleo duro do partido no seu primeiro governo: José Dirceu, Palocci, Marcio Thomaz Bastos, Carvalho, Dulci não participam mais do governo.
Restou a sua esposa a socióloga, Rosangela Lula da Silva, que deve ter uma influência importante nas decisões do presidente, mas sem experiência política.
O primeiro governo Lula coincidiu com o surgimento de nova percepção acerca do Brasil no mundo.
A crescente importância da economia chinesa no mundo globalizado; o desenvolvendo da produção nacional para atender a demanda internacional; as potencialidades exercidas pelo desenvolvimento do etanol; a descoberta do pré-sal.
Apesar do governo FHC ter desenvolvido e implementado o Plano Real “domesticando “a inflação”, o processo de privatização, mas em termos de indicadores macroeconômicos deixou muito a desejar.
O governo Lula recuperou o crescimento e o investimento, diminuição da dívida pública, tornamo-nos credores internacionais, acumulamos um respeitável reserva cambial.
E as reformas estruturais saíram do radar do governo.