Polícia e MP investigam denúncia contra Rodolpho Borges em votação a favor de Edson Mota

Parlamentar teria apoiado aprovação de contas do ex-prefeito por “gratidão”, mesmo após série de apontamentos do TCE; acusado fala em “perseguição política”

Todico (esq.), que denunciou voto de Rodolpho Borges por “gratidão” a Mota (Foto: Reprodução)

Andréa Moroni
Cachoeira Paulista

O Seccold (Setor Especializado no Combate a Corrupção, Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro) da Delegacia Seccional de Guaratinguetá abriu investigação após receber denúncia contra o vereador Rodolpho Borges de Souza Silva (PSD), de Cachoeira Paulista. Ele é acusado de desvio de finalidade na votação das contas de 2018 do ex-prefeito Edson Mota (PL), após declarações de que teria votado por apoio ao parceiro político.

A denúncia foi enviada ao Seccold e ao Ministério Público pelo vereador Agenor do Todico (PL). No e-mail em que comunica a “notícia de fato criminoso”, o parlamentar revelou que recebeu em seu gabinete um áudio do vereador Rodolpho Borges “dando conta de suposto desvio de finalidade na sua votação contra o parecer do TCE (Tribunal de Contas do Estado) a respeito das contas do ex-prefeito Edson Mota em 2018”.

As contas estavam com parecer pela reprovação, mas Borges afirmou que votou a favor por gratidão ao ex-prefeito. “Ainda há print de conversa dele (Rodolpho Borges) no grupo (de Facebook) observatório de Cachoeira Paulista dando conta de que devia favor ao ex-prefeito porque o mesmo nunca virou as costas e tem palavra”.

Todico encaminhou a denúncia. “Gratidão não é um motivo legal para aprovar as contas do Edson Mota”, destacou o denunciante.

O Ministério Público, através da promotora Marcela Agostinho Gomes Ilha enviou comunicado ao Legislativo sobre o recebimento da denúncia e a investigação. “Já lemos a denúncia em plenário e aprovamos o envio para a Comissão de Ética da Casa”, informou o presidente da Câmara, Léo Fênix (PL).

Outro lado – Rodolpho Borges disse que a denúncia contra ele não passa de “perseguição política” com o objetivo de prejudicar sua imagem. “Esse áudio foi editado e divulgado por um primo meu, que hoje é pré-candidato à vereador. Ele quer ‘denegrir (sic) a minha imagem”.

Borges explicou que das quatro contas do ex-prefeito Edson Mota, em duas foi contra o parecer do TCE. “Infelizmente nessa conta de 2018, eu acreditei na justificativa do advogado do ex-prefeito e acabei indo contra o tribunal. Mas, me arrependo de ter votado também numa segunda conta contra o parecer do TCE”.

O vereador disse que ainda não foi notificado da investigação e que seus advogados vão esclarecer toda a situação no Conselho de Ética da Câmara. “Meus advogados vão pedir a gravação na íntegra para provar que eu estou sendo vítima de difamação e de perseguição também pelo vereador Agenor do Todico. Ele fez isso porque eu disse na tribuna da Câmara que o MP estava investigando um esquema de ‘rachadinha’ em seu gabinete”.

Contas e denúncias – Essa não é a primeira polêmica que envolve a votação das contas na gestão de Mota. No primeiro semestre, a Câmara de Cachoeira foi alvo de escândalo após divulgação de um áudio em que a vereadora Rogéria Lucas (Podemos) teria revelado um esquema de compra de votos a favor do ex-prefeito, denunciando outros parlamentares, em negociação que seria orquestrada por Nenê do São João (PL). Mesmo flagrada no conteúdo, Rogéria e denunciados por receber em troca de votos não foram investigados. Mas a Cãmara recebeu um pedido de abertura de comissão processante, de Nenê do São João (PL), que pediu a investigação de Adriana Vieira (PSD) e Thálitha Barboza (PT), que teriam demorado para divulgar o áudio. A denúncia acabou arquivada.

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