Após quase setenta dias, TJ concede habeas corpus e “Professora” Érika volta para casa

Caso envolvendo acusação de abuso sexual contra auxiliar de ensino em colégio de Guará gera
repercussão e comoção na cidade; apoiadores protestam por prisão, que durou setenta dias

Manifestação de apoiadores da “Professora Erika” durante sua volta para casa na última quarta-feira (Foto: Fabiana Cugolo)

Fabiana Cugolo
Guaratinguetá

Acusada por abuso sexual por famílias de ao menos duas crianças, em Guaratinguetá, a auxiliar de classe Érika Moreira de Oliveira, de 43 anos, foi liberada da Penitenciária Feminina de Tremembé na tarde da quarta-feira (31), após o Tribunal de Justiça de São Paulo conceder o habeas-corpus. A partir desta decisão, Érika Moreira, que foi recebida por um grupo de apoiadores com faixas e cantos, responde o processo em liberdade. 

Os supostos abusos teriam acontecido em meados de março, de acordo com a denúncia realizada por duas mães, ambas com filhos de três anos de idade, que registraram o caso na Delegacia da Mulher de Guaratinguetá. Matriculadas na educação infantil do colégio, as crianças teriam ido para casa com lesões semelhantes às de abuso sexual, em 22 de março, o que levou ao registro da denúncia no dia 25 de março. De acordo com a denúncia, os abusos teriam acontecido no colégio. 

Érika é auxiliar de classe no colégio, a responsável por levar os alunos desta faixa etária ao banheiro. “Professora Érika”, como é chamada, foi acusada por mães, que efetuaram a denúncia. 

O caso gerou debate e comoção na cidade desde o dia 14 de maio, quando foi expedido o mandado de prisão preventiva. No dia 16 de maio, a auxiliar foi transferida para a Penitenciária de Tremembé, onde permaneceu presa por cerca de setenta dias. A comoção no munícipio chamou a atenção no caso, por conta de que centenas de mães de alunos do colégio e colegas de profissão de Érika Moreira que se mobilizaram com manifestações e carreatas pela cidade afirmando a inocência da auxiliar e pedindo por justiça no caso. Ela trabalhava há 13 anos no colégio e não tinha antecedentes criminais. 

O retorno de Érika à cidade de Guaratinguetá, na noite da quarta-feira, reuniu centenas de pais e mães de alunos, estudantes e colegas de profissão da auxiliar de ensino em manifestação de apoio. O ponto de encontro foi a avenida Pedro de Toledo, no bairro Vila Paraíba, em momento marcado por comoção, oração e por gritos de “Érika livre”. 

O marido da auxiliar de classe, Luís Marcelo Couto de Oliveira, de 44 anos, relatou que a família viveu um pesadelo. “Foi muito difícil desde o começo. Foi um pesadelo que a gente nunca imaginava que fosse acontecer com a gente. Tive que ser pai e mãe para cuidar das nossas duas meninas adolescentes que estavam sofrendo demais devido à ausência da mãe”, desabafou. “Agora com a Érika estando aqui fora, nós vamos aproveitar ao máximo, dar todo amor, carinho e atenção para ela e vamos entregar na mão de Deus e das advogadas, que a justiça vai ser feita”, completou. 

Luís Marcelo acredita em um desfecho positivo, após o longo período de acompanhamento do processo. “Vai ser tudo resolvido da melhor forma possível, porque a Érika é inocente. E como eu falei, nunca foi vista uma comoção social tão grande aqui em Guará, acredito que até pessoas de fora estão nos apoiando”, reforçou. 

Em entrevista à TV Band Vale, a auxiliar agradeceu o apoio que tem recebido e destacou a saudade de casa e da família. “Está sendo uma alegria muito grande, meu coração vai sair pela boca. Eu só queria agradecer mesmo”. 

Procurada pela reportagem do Jornal Atos, a assessoria de imprensa do Colégio Fênix se manifestou sobre o habeas-corpus por meio de nota. “O Colégio Fênix informa que na tarde no dia 31/07, quarta-feira, tomou conhecimento do habeas-corpus concedido à ex-colaboradora da escola, envolvida em um processo que tramita em segredo de Justiça… No decorrer do caso, fornecemos todas as informações solicitadas à Justiça, sempre mantendo uma postura colaborativa e imparcial diante dos fatos. Enquanto aguardamos o resultado do processo, contamos com a responsabilidade de todos na apuração e na interpretação das informações, com objetivo de preservar a comunidade escolar… Ao longo de nossa história de mais de trinta anos, fomos reconhecidos pelas nossas condutas, tendo como premissa um ambiente saudável que valoriza, acima de tudo, o respeito em relação a todos os integrantes da comunidade escolar. Seguiremos assim”. 

A reportagem do Atos também buscou contato com o Ministério Público, por meio da Promotoria de Justiça de Guaratinguetá, mas até o fechamento desta edição não recebemos a confirmação para a gravação.

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