Atos e Fatos
“A produtividade na economia não é tudo; é quase tudo”.
Paul Krugman
Professor Márcio Meirelles
JUROS, GASTOS, INVESTIMENTOS
A discussão sobre a elevada taxa de juros não é mais assunto para o governo. Por enquanto!
Após as investidas sobre o presidente do Banco Central, como o causador do baixo crescimento do país, o governo entra em compasso de espera até a próxima reunião do Comitê de Política Monetária. Ver para crer!
Para o governo e economistas do partido dos trabalhadores o país só cresce se houver gasto público e juros baixos.
Daí, a grande dificuldade na discussão do gasto público, o Arcabouço, onde condenaram o Teto de Gastos e a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Se não bastassem as grosserias ao presidente do Banco Central o governo pretende produzir uma menção de desagravo a ex-presidente Dilma Rousseff, pelo uso das pedaladas fiscais.
Pensam em uma medida compensatória (?), se não bastasse o cargo de presidente do Banco dos Brics!
A sociedade esqueceu que no governo Dilma a oferta de crédito, com juros subsidiados, através do Banco do Brasil e Caixa Econômica, resolveu o problema de caixa das empresas privadas e levou 60% da população para o Serasa. Merece uma medalha!
Para o partido dos trabalhadores a macroeconomia, o controle da circulação da moeda, fatores que impedem a inflação são empecilhos para o crescimento do país.
Nos países desenvolvidos uma lei não escrita: ministros da Fazenda não opinam sobre taxa de juros do Banco Central.
Um governo que gasta mais do que arrecada, o efeito perverso para a captação de recursos no mercado para financiar o endividamento.
O maior consumidor de crédito no país é o próprio governo que coloca para o setor privado uma situação de poucos recursos e consequentemente taxa alta de juros.
É a lei da oferta e procura.
Com menos crédito disponível e caro o país não consegue desenvolver o seu potencial!
Não é só esse o problema, pois o setor privado investe mais e melhor que o público.
A política estatizante e intervencionista funcionou na crise de 1929, com o a presença de Keynes, para o partido dos trabalhadores um economista de esquerda.
A política intervencionista de Keynes só teve sucesso pelo fator produtividade da economia americana, fator preponderante para o crescimento econômico pós o desastre de 1929.
Keynes, John Maynard, pertencia a elite aristocrático-burguesa, nunca professou tendência de esquerda, como afirmou certa vez: “eu posso ser influenciado pelo que me parece ser justiça e bom senso; mas a guerra de classes me encontrará do lado da burguesia culta”.
Longe, portanto, das qualificações de autor de teorias de esquerda.
O baixo crescimento do nosso país, justificado pelas políticas intervencionistas e protetivas pós- 2ª Guerra.
A Europa na década de 1980 abandonou-as e esquecemos de encerrá-las.
Por decisões erradas encontramos no endividamento um caminho – se nos levasse à algum lugar – seriamos uma das maiores economias do mundo.
Como o caminho foi o endividamento com o aumento dos gastos públicos, elevada carga tributária para a sustentação, estamos derrapando há 40 anos.
A partir de 1980 paramos de crescer!
Crescemos a uma média anual inferior a 1%.
O país poderia tomar o caminho do endividamento como mola propulsora do crescimento com a criação de empregos, mais renda, mais consumo, mais poupança, mais impostos e mais investimentos. O círculo virtuoso da economia.
Entretanto, nos perdemos no meio do caminho.
Decidimos investir no consumo.
Perpetuamos a irresponsabilidade fiscal que gera a brutal desigualdade social no país favorecendo a concentração de renda com os detentores do capital.
A manifesta decisão de emprestar ao invés de investir, criar empregos, gerar renda.
A inconsequente missão do governo em se endividar para atender os rentistas.
A relação governo e rentista a explorar a sociedade, reduzir os investimentos produtivos e geração de emprego, a receita para as altas taxas de juro e tributação.
O trágico é a sociedade não entender por que temos a taxa de juros mais alta do mundo!