Moradores de Piquete relatam poluição em rios e acusam Imbel por possíveis despejo químico

Mau cheiro e águas turvas causam preocupação no município; empresa nega vazamento e garante seguir normas da Cetesb

Flagrante no Rio Piquete que mostra água com cor e cheiro questionados pela população (Colaboração)

Bruna Castro
Piquete

Moradores de Piquete publicaram nas redes sociais fotos com denúncias sobre possíveis despejos irregulares de resíduos químicos no Rio Piquete, que passa pela Imbel (Indústria de Material Bélico do Brasil). De acordo com a publicação, as águas do rio estariam turvas e com mal cheiro ocasionando a morte de peixes.

Ao todo a publicação recebeu 108 compartilhamentos. Entre os mais de setenta comentários, os moradores manifestaram insatisfação e preocupação com a poluição do curso d’água. Formado pelos Ribeirões Sertão e Benfica, o rio Piquete desemboca no trecho de Cachoeira Paulista do Rio Paraíba do Sul.

A podóloga Carina Oliveira, quarenta anos, conta que já denunciou a situação do rio em outras ocasiões, mas que não obteve resposta. “Eu reclamei há nove anos atrás. As pessoas têm medo de reclamar. Fiz uma denúncia na Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), mas parou por um tempo e agora voltou”.

Natural de Piquete, Carina contou que o cheiro forte do que vem do rio provoca náuseas e ressecamento no nariz e que as suspeitas de que seja proveniente de rejeitos industriais. “Há uns vinte anos já que vejo isso. Não sei dizer da onde vem, apenas ouvi as pessoas dizerem que vem da Imbel. Quando chove e dá enchentes (sic), o rio fica com o cheiro mais forte ainda” esclareceu.

De acordo com o secretário do Meio Ambiente de Piquete, João Bosco Ramos, reclamações já haviam sido feitas à Prefeitura e encaminhadas ao órgão responsável. “Solicitei junto à Cetesb de Taubaté a visita de técnicos para analisarem a situação e emitir um parecer técnico para as providências a serem tomadas. O qual deverá ser enviado, com o levantamento da causa desta poluição e o responsável”, explicou.

Ramos destacou que a Prefeitura não possui corpo técnico especializado para analisar e levantar as causas da poluição.

Em resposta às denúncias, a assessoria de comunicação da Imbel assegurou à reportagem do Jornal Atos que a empresa segue à risca todas as recomendações de segurança e proteção ao meio ambiente.

A organização salientou que já houve acusações anteriores, mas foram contestadas. “Em atendimento aos estatutos estaduais e federais, que regem a emissão de efluentes industriais, a FPV (Fábrica Presidente Vargas) não lança efluentes não tratados naqueles mananciais. Tais ocorrências remontam a um passado distante, quando ainda não existiam todos os rígidos controles hoje existentes e instalados nesta fábrica” explica o documento.

Ainda de acordo com as declarações feitas pela assessoria, os laudos técnicos e as fiscalizações são realizadas regularmente pela Cetesb. “Cabe ressaltar que, inadvertidamente e sem conhecimento de causa, não é incomum que pessoas façam ilações relatando tais ocorrências. Mesmo que sem o laudo técnico que comprove tais ocorrências, o que só pode ser feito por órgão especializado de fiscalização e baseado em exames laboratoriais”.

Procurada pela redação do Jornal Atos, a Cetesb não respondeu aos questionamentos sobre o despejo no rio até o fechamento desta edição.

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