Transporte público é alvo de reclamações de idosos e gestantes em Lorena

Idosos seguem trajeto em pé devido proibição de passagem gratuita para assentos traseiros; empresa nega informação e orienta motoristas

Passageiros embarcam em ônibus da linha Bairro da Cruz; idosos reclamam de serviço prestado (Foto: Francisco Assis)
Passageiros embarcam em ônibus da linha Bairro da Cruz; idosos reclamam de serviço prestado (Foto: Francisco Assis)

Rafaela Lourenço
Lorena

Após o aumento da tarifa do transporte público em Lorena, as reclamações sobre a prestação de serviço continuam. Idosos e gestantes questionam a medida da empresa responsável pela frota de ônibus no município por não permitir a passagem de idosos pela catraca para utilizarem os assentos vazios do veículo.

De acordo com o assessor da diretoria da ABC Transportes de Caçapava, Fernando Cesar, empresa responsável pelo coletivo na cidade, o padrão dos ônibus é reservar cinco lugares para idosos maiores de 65 anos. Em Lorena, desde janeiro, uma lei municipal ampliou o benefício para idosos a partir de 60 anos de idade. O que auxiliou no aumento da demanda de passageiros idosos não pagantes.

Mas a quantidade e os procedimentos adotados pela empresa estão nas recorrentes reclamações dos usuários.

A administradora de empresas Renata Cláudia, de 29 anos, está no quarto mês de gravidez e contou das dificuldades ao embarcar no coletivo na Vila dos Comerciários I até seu trabalho, no Centro. Ela contou que presenciou cerca de dez idosos em pé no ônibus. “Fiquei bem chateada porque sou gestante e ao entrar já sentei, mas são apenas cinco lugares na parte de frente e conforme o ônibus foi passando nos pontos para pegar mais passageiros, a maioria eram idosos. Aí tive que passar pela catraca, porque estava insuportável ficar ali na frente em pé”.

A gravidez ainda não atrapalha a passagem de Renata pela catraca, mas ela já pensa o que terá que enfrentar nos próximos meses. “É muito triste você ver essas pessoas que têm o benefício, mas tem que ficar em pé. É até perigoso deles caírem quando o ônibus para, freia. Por enquanto ainda consigo passar na roleta, mas daqui um tempo vou ter que ficar em pé ali com eles”.

Já a aposentada, Vilma Borges, de 66 anos, disse que não há reclamações dos motoristas, mas a que mora na Vila Passos questionou a proibição de passar pela catraca, o que não aconteceria em outras cidades, como Guaratinguetá, que permite a passagem. “A gente que é terceira idade não pode passar pra depois da roleta, mas tem hora que tem 16, 17 idosos ali. Não é igual em Guará que se apresenta a carteirinha e passa pra trás. Aqui dá uma freada vai tudo um em cima do outro, aí aglomera tudo”, frisou.

Há ainda casos de passageiros que preferem pagar os R$ 3,50 de tarifa para fazer o trajeto sentado ao se arriscar em pé. Como é o caso da dona de casa Ana Aparecida Fernandes, de 74 anos, moradora do Bairro da Cruz. Para ter mais segurança ela prefere pagar do que seguir em pé. “O serviço é mais ou menos, porque esse negócio da gente não poder entrar por trás, ter que ficar na frente, como? Tem só cinco lugares ali, fica difícil. Aí quando está lotado e se eu estiver com sacolas, vou pra trás pagando”, contou.

A assessoria da ABC Transportes destacou que a orientação passada pela empresa para todos os motoristas é de que quando o coletivo estiver lotado, são autorizados novos embarques pela porta traseira. “Isso quando está lotado tanto os bancos quanto os espaços em pé, o que não acontece com frequência em Lorena devido os transportes clandestinos que passam antes do ônibus e pegam passageiros pagantes”, comentou Cesar.

Já no caso dos idosos que estiverem em pé devido a superlotação, eles não podem passar pela catraca devido o registro do sistema eletrônico, apenas pagando a tarifa. Mas a ação do motorista deve ser a de parar no próximo ponto para os idosos descerem e embarcarem novamente, mas desta vez pela porta traseira.

Se a solicitação for recusada, o usuário deve entrar em contato com a unidade da empresa na cidade, ligando para o telefone (12) 3152-4660 e informar a linha, data e horário do ocorrido, pois os veículos possuem GPS (Sistema de Posicionamento Global, em português) e câmeras de segurança, o que podem facilitar a fiscalização da empresa.

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