Lorena recebe exposição com artefatos históricos da Revolução de 1932
Acervo com 110 peças segue exposto de forma gratuita na biblioteca até o próximo dia 14; ação foca participação histórica da região no levante
Jessica Alves
Lorena
Em homenagem aos 91 anos da Revolução Constitucionalista de 1932, a Biblioteca Municipal recebe desde a última segunda-feira (3) uma exposição que reúne 110 artefatos históricos utilizados nas batalhas travadas em cidades do Vale do Paraíba. A proposta é manter vivo na memória dos moradores da região a importância do Vale no conflito que marcou a primeira metade do século 20 no Brasil.
Aberta ao público, com visitas das 8h às 12h e das 14h às 17h, a exposição conta com objetos do AHMM (Acervo Histórico Militar Mantiqueira), pertencente ao pesquisador José Maria de Azevedo Paiva, que coleciona artefatos de guerra há vinte anos.
O pesquisador traz a exposição à cidade pela segunda vez, em parceria com a secretaria de Cultura de Lorena. Ele contou que seu interesse pela revolução surgiu da vontade de conhecer a história de sua própria família. “Meu avô, meu tio e minha avó participaram da revolução, então fui juntando e formando um grande acervo. Eu fui paraquedista militar, e antes de me aposentar eu já vinha juntando coisas”.
Entre as peças expostas estão documentos, fotografias, uniformes, réplicas e equipamentos bélicos originais utilizados pelos soldados constitucionalistas nas batalhas travadas contra o governo (ainda provisório) de Getúlio Vargas (1930-1934).
Segundo José Maria, ao longo dos anos a história da revolução foi sendo esquecida, por isso a exposição tem a proposta de resgatar o interesse da população no passado em cidades como Cruzeiro, Cachoeira Paulista e Lorena.
Pensando no futuro, o pesquisador pretende trazer o acervo para mais perto da comunidade. “A minha ideia é conseguir um espaço fixo para montar uma exposição em Lorena, pois aqui foi o foco da guerra civil”. Depois de Lorena, José pretende exibir seu acervo em Cunha.
Região no conflito – O Vale do Paraíba é reconhecido como o maior palco dos combates que marcaram a Revolução Constitucionalista de 1932. O movimento armado teve início em 9 de julho daquele ano, após o então governo provisório de Getúlio Vargas interromper o sistema político vigente e causar revolta entre políticos, entidades e a comunidade paulista. O estado defendia uma nova Constituição para o Brasil e atacava o autoritarismo de Vargas.
O conflito, iniciado em manifestações e trocas de agressões na capital paulista, foi oficializado em cidades como Cachoeira Paulista, Guaratinguetá, Lorena, Silveiras e Cruzeiro, que sediaram confrontos entre as tropas constitucionalistas e as de Vargas, reforçadas por Minas Gerais e o Rio Grande do Sul. Sem estrutura, armas e em menor número, os paulistas foram derrotados. O conflito, que teve duração de quatro meses, oficialmente, registrou mais de dois mil mortos e muitas pessoas feridas. No final, apesar da derrota com as armas, São Paulo obteve a vitória política, já que meses depois, em 3 de maio de 1933, foram realizadas as eleições para a Constituinte e, em 16 de julho de 1934, a promulgação da Constituição.