Após prisão de homem que mantinha esposa e filhos em cárcere privado, Lorena busca novo lar para sessenta animais encontrados na casa

Mulher, bebê e pré-adolescentes são atendidos no sistema municipal de saúde; cerca de sessenta cães e gatos viviam em condições precárias ao lado das três vítimas

Após prisão de acusado, que mantinha esposa e filhos em cárcere privado; animais aguardam para serem transferidos do local (Foto: Francisco Assis)

Andréa Moroni
Lorena

A Polícia Civil continua investigando o caso de flagrante de cárcere privado e violência doméstica, registrado na última terça-feira (13), levou a prisão de um homem de 39 anos, acusado de privar esposa e filhos de contatos sociais. Além de ser detido, ele foi multado em R$ 180 mil por manter sessenta cães e gatos em condições precárias.

O crime aconteceu na avenida São Tomás, no bairro Vila Hepacaré, em Lorena, onde D.R.X., segundo a delegada Adriana Gonçalves, responsável pela DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) mantinha a vítima A.K. (41 anos) e duas crianças: S.K.X. (tres meses) e G.K.D.S. (12 ano) em casa, sem autorização para sair ou ter contato com outras pessoas. O menino mais velho era filho de outro relacionamento da mãe o menor, do atual companheiro.

A delegada explicou que a polícia chegou até a casa devido às denúncias de vizinhos, que escutavam gritos e ao Conselho Tutelar, que precisava averiguar a situação das crianças. “Nós tentamos entrar em contato com a vítima algumas vezes, mas ela nunca respondia. Aproveitamos que o Conselho Tutelar ia até a residência para verificar o que acontecia com a família”.

Em contato com nossa reportagem, um dos vizinhos contou que a esposa não fazia contato visual e que apenas discussões eram ouvidas. “Mal consegui ver ela. Era muito difícil. A gente nem imaginava que isso estava acontecendo”, relatou uma moradora da região, que não quis se identificar.

Quando os conselheiros chegaram encontraram o local em uma condição degradante. “Cerca sessenta animais, entre cães e gatos, viviam no interior da casa, com chão e móveis cobertos de dejetos, impregnando completamente o ambiente, causando fortes náuseas a qualquer pessoa”, contou a delegada.

O Conselho Tutelar acionou as polícias Militar, Civil, Vigilância Sanitária, Guarda Civil Municipal e Polícia Científica. “Durante conversa com os policiais militares, a vítima relatou que vivia sob constantes ameaças de morte (também às crianças), era mantida em condição de cárcere privado, inclusive o homem a impedia de se comunicar com outras pessoas através de ligações telefônicas ou mensagens eletrônicas”.

A.K não tem família e vivia com o atual companheiro há três anos. “Ele foi preso e encaminhado para a cadeia de Aparecida. Na quarta-feira (14), passou por audiência de custódia e foi determinada a sua prisão preventiva. A Justiça também emitiu uma medida protetiva para que ele não se aproxime da mulher e das crianças”.

A vítima e as crianças foram encaminhadas para o Pronto Socorro. “A mãe vai seguir sendo atendida pela assistência social do Município e as crianças ficarão sob responsabilidade do Conselho Tutelar até que ela reestruture a sua vida para poder receber as crianças”.

Após vistoria da Vigilância Sanitária verificou-se que a casa, que é de propriedade da vítima, não tem condições de ser habitada. “A casa terá que ser limpa, desinfetada e mobiliada para poder receber a família”.

Animais – Após vistoriar o local, a Polícia Ambiental acionou a Vigilância Sanitária para providenciar um destino para os sessenta animais, sendo quarenta cachorros e vinte gatos, que estavam vivendo na casa.  O proprietário recebeu uma multa de R$ 180 mil por maus tratos.

De acordo com o secretário de Saúde, Adailton José Pinto, foi montada uma força tarefa para tentar conseguir um novo local que possa acolher e cuidar desses animais. “Nosso veterinário já está avaliando os animais. Temos cachorras prenhas, inclusive. Então correndo para encontrar um local que possa receber esses animais e cuidar deles. A UPA (União Protetora dos Animais) está lotada, não tem como receber mais nenhum. Por isso, já entramos em contato com outras ONG’s e até com deputados”.

Adailton explicou que enquanto os animais não são transferidos, a Prefeitura está fornecendo ração e água para os animais no local. “A casa vai ser limpa, desinfetada e nós precisamos tirar os animais de lá”.

O secretário pede ajuda da população para a adoção dos animais. “Quem puder adotar um cachorro ou gato pode entrar em contato com a Vigilância Sanitária. Nós entregaremos o animal vacinado e castrado”.

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