A dois meses do lançamento, Teatrim vira foco de quem sonha com o teatro
Projeto do dramaturgo Caio de Andrade conta com sede própria e retomada do História em Cenas; proposta é elevar aspectos da dramaturgia em Lorena
Lorena
Para a criação da sede, uma obra de um ano reformou um prédio à rua Paulino Chagas, nº 44, no bairro do Olaria. A sede, já em fase de acabamento, fica ao lado do Mercado Municipal.
O salão tem um espaço de 138 m², sendo cem lugares em cada apresentação, além dos camarins, banheiro e hall de entrada, onde funcionará a bilheteria. O local começou a ser reformado em fevereiro desse ano, e tem previsão para inauguração em fevereiro de 2019, com aspecto de área multiuso, estrutura que pode ser alterada dependendo do perfil da atração. “A ideia sempre foi começar com projeto educativo, independente de ser um teatro convencional. O principal foco é trazer estudantes prioritariamente da rede pública e privada, mas com prioridade para os alunos da rede pública”, contou.
O valor do projeto chegou a R$ 298.167,45. Caio entrou com uma parte do investimento, e Ana Cecília com a outra. Além dos investimentos dos sócios, o Teatrim apostou em um crowdfunding, sistema de financiamento coletivo, que conseguiu adesão superior ao projetado (154%), com a participação de 69 pessoas. O orçamento leva em conta os gastos como autores, figurino, carpinteiro, cabeleireiro e manutenção. “Somos a primeira empresa ligada à área cultural que usou o crowdfunding, o financiamento coletivo. Ninguém tinha feito isso ainda, somos pioneirismo”, explicou o dramaturgo.
Primeiro ato – Primeira atração do Teatrim, o “Projeto História em Cena” foi o criado por Caio, no Centro Cultural Banco do Brasil – RJ, que levou milhares de estudantes ao teatro ao longo dos seus três anos de existência. A iniciativa será retomada em Lorena, inaugurando o novo espaço.
Com o “História em Cena”, em 2019 serão realizados 108 espetáculos com oitenta estudantes em cada apresentação, com duração de quarenta minutos, totalizando uma hora e trinta minutos com o debate.“Serão feitos debates para o público ter conhecimento sobre o que é um fazer teatral, o que é um cenógrafo, o que faz o figurinista, um cenotécnico, o que é uma bambolina”, exaltou Andrade, que espera atender 8.640 estudantes e 216 educadores.
O projeto será lançado com três peças: “O Mandarim do Imperador”, que retrata o momento de transição entre a Monarquia e a República, com o início da aventura republicana, retomando acontecimentos da época da Monarquia, relembrando a figura carismática de D. Pedro II; “A Rua da Fortuna” aborda um importante período da chegada de imigrantes, contando com muito humor a saga de um judeu polonês e um jovem libanês que acabam se conhecendo na rua da Alfândega, no Rio de Janeiro, provocando um instigante debate sobre as diferenças étnicas, religiosas e, antes de tudo, sobre a tolerância.
A terceira peça é “O Jeca Voador e a Corte Celeste”, história que se passa em 1920, período de transformações geradas pelo final da Primeira Grande Guerra. O espetáculo recebeu o Prêmio Maria Clara Machado de melhor espetáculo do ano, em 2002, incluindo melhor texto e melhor direção para Caio Andrade.
Apoio – Além de empresas já participantes do projeto, Caio de Andrade espera por maior adesão de marcas de todos os portes na região. O dramaturgo contou que o atual secretário de Cultura do Estado de São Paulo, Romildo Campello, fará uma visita a Lorena e passará pelo Teatrim para uma palestra com empresários da região.
Em viagem a São Paulo, ao lado do secretário de Cultura de Lorena, Roberto Bastos, o Totô, Andrade participou de uma reunião na Appa (Associação Protetora dos Amigos da Artes), que trabalha com a distribuição de produtos por todo o Estado. “Tudo que produzirmos no Teatrim teoricamente vamos escrever na Appa, e ela redistribuirá o produto cultural. Como vou produzir espetáculo aqui, não queria que eles morressem aqui. Eles vão participar do projeto educativo, e depois eu queria que eles tivessem uma longevidade. O projeto está aberto até o dia 31 de janeiro, então todas as peças que pretendemos produzir aqui ano que vem eu já escreverei na Appa”.
Caio – Dramaturgo, diretor e produtor teatral, Caio de Andrade nasceu em Lorena e construiu sua carreira no Rio de Janeiro. Formado em jornalismo, trabalhou em veículos como os canais de TV Manchete e SBT.
Nos palcos, como autor e diretor, focou em projetos que constroem uma ponte entre o teatro e a história do Brasil.
Em 2008, Andrade voltou à sua cidade para comandar a reforma do Teatro São Joaquim, e criar a Companhia Palco da História, que seguiu até 2009. Em 2014, a companhia foi reativada, viabilizando o comando de um projeto inédito, o Teatro Teresa D’Ávila.