Replanejamento dos Correios pode fechar até 513 agências

À espera de oficialização, medida atingiria 77 unidades no interior, sem definição de números para o Vale; serviço acumula reclamações na região

Nas ruas de Lorena, movimentação de funcionários dos Correios durante uma das corriqueiras greves; empresa deve fechar agências (Foto: Arquivo Atos)
Em Lorena, movimentação de funcionários dos Correios durante uma das corriqueiras greves; empresa deve fechar agências (Foto: Arquivo Atos)
Juliana Aguilera
Região
Os Correios anunciaram o novo projeto de replanejamento das unidades com a proposta de otimizar os serviços e canais de atendimento ao público. A medida, que ainda não foi oficializada, pode acarretar no fechamento de 513 agências, sendo 77 no interior.
Enquanto isso, na região, os usuários reclamam do atendimento, com o atraso na entrega de contas, problemas com o baixo número de funcionários e a má qualidade no serviço.

Ainda em estudo, as agências serão escolhidas por dois quesitos: proximidade com outra agência e baixo número de arrecadação.

Em nota oficial, os Correios afirmaram que ainda não há definição de quantas unidades terão suas atividades encerradas. “A empresa vem realizando estudos de readequação de sua rede, o que inclui não apenas a sua rede física de atendimento, como também novos canais digitais e outras formas de autosserviços”, afirmou a assessoria dos Correios, que revelou a estimativa de que a medida atinja 513 agências, entre elas, 77 no interior paulista. A assessoria regional não soube estipular o número de unidades que podem ser afetadas no Vale do Paraíba.

Controvérsia – A proposta que pode fechar agências na região foi divulgada no mesmo momento em que os Correios anunciaram o lucro de R$ 667 milhões, registrado em 2017. Os números foram divulgados na última quarta-feira. O ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab, e o presidente dos Correios, Carlos Fortner, destacaram durante audiência pública na Câmara dos Deputados que o resultado positivo aconteceu depois de quatro anos de prejuízo seguidos, com resultado negativo de R$ 2,12 bilhões em 2015, e, R$ 1,48 bilhão, em 2016.

Entre as medidas para tentar reverter o período de déficit nos resultados, a empresa abriu um programa de demissões incentivadas que obteve a adesão de cerca de 6,2 mil funcionários. Outra ação foi a mudança nas regras de financiamento do plano de saúde dos funcionários, o que gerou greve no início do ano. A medida foi autorizada pelo Tribunal Superior do Trabalho.

Serviços – Moradora do bairro Jardim França 2 em Guaratinguetá, Hérica Vieira afirmou que se mudou para o local em 2017 e até hoje nunca recebeu correspondência de lojas, bancos e do telefone móvel. “Há pessoas que disseram que nem no Jardim França 1 chega correio”, contou. Para evitar que os boletos não vençam, Hérica vai até uma lan house para imprimir as faturas.

Os Correios informaram que a distribuição domiciliária é feita regularmente, e que o morador deve entrar em contato pelo site, no link “Fale”.
Alessandra Santos, moradora do bairro São Manoel, afirmou que há meses as contas chegam com atraso de até trinta dias. “Para pagá-las, eu vou até o banco e retiro a segunda via”, explicou.

Em resposta, os Correios afirmaram que o atraso referente às contas de telefone se devem à “sobrecarga de objetos postais acima do dimensionado. Para regularizar essas entregas, a empresa está realizando ações como distribuição de carga postal, serviço extraordinário e mutirões”.

Importação – Erika Amaral se sente prejudicada com o atraso da entrega das mercadorias, pois trabalha com importação. “Faço vendas na internet. Acredito que são poucos funcionários para muito trabalho. Eu já recebi uma coisa que comprei um ano antes”, relatou Erika, que contou que com Sedex não costuma ter problemas, mas que precisou pedir segunda via de todas as contas em abril para pagá-las em dia.

Os Correios afirmaram que a unidade de Guará tem trabalhado com efetivo ajustado à demanda.

Na região, outras cidades acumulam críticas ao atendimento. A reportagem do Jornal Atos apurou que clientes dos Correios em Lorena e Cruzeiro enfrentam as mesmas barreiras. Já em Aparecida, os moradores relatam problema com o sistema dos computadores. Somente em Pindamonhangaba, a agência São Benedito dos Correios foi elogiada por internautas.

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