Principal investigado na Operação Frei Galvão, Gilberto Nering está foragido
Seccold aponta ex-diretor como personagem chave em esquema que teria desviado ao menos R$ 10 milhões de antigas administrações do Hospital Frei Galvão
Leandro Oliveira
Guaratinguetá
A Operação Frei Galvão teve continuidade nesta semana com diligências na última quinta-feira (19). A Polícia Civil de Guaratinguetá efetuou duas prisões temporárias após nova fase de investigações. O Seccold (Setor Especializado no Combate a Corrupção, Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro) confirmou que pelo menos R$ 10 milhões foram desviados pelos ex-diretores do Hospital Frei Galvão, entre eles, Gilberto Nering, um dos principais investigados, ao lado de sua ex-esposa Bernadete Pessini.
No último fim de semana quatro mandados de prisão foram expedidos, sendo que apenas uma prisão temporária foi efetuada. A pessoa presa, que não teve o nome divulgado, foi interrogada na última segunda-feira e liberada ainda nesta semana. Na quinta-feira, a segunda prisão temporária foi cumprida. A Polícia Civil conseguiu ainda um quinto mandado de prisão temporária expedido e o cumpriu, também na quinta. A terceira prisão, até o momento, foi por obstrução de investigação policial.
Os delegados que estão à frente da Operação Frei Galvão, Dr. Francisco Sannini Neto e Dr. Sérgio Adler, confirmaram os nomes de Gilberto Nering, ex-diretor, e Bernadete Pessini, ex-esposa de Nering, como principais investigados, dados como foragidos. A Polícia Civil espera receber denúncias ou informações do paradeiro da dupla.
“A gente está investigando no sentido de tentar obter a localização dos dois, que são o senhor Gilberto Nering e a senhora Bernadete Pessini. Os dois são sócios das empresas que eram responsáveis pela administração do Hospital Frei Galvão na época que nós identificamos essas ilicitudes na gestão do hospital. Hoje, eles se encontram foragidos com mandados de prisão decretados pela justiça”, explicou Sannini.
Período e desvio de verba – As investigações do Seccold se estendem há mais de seis meses. O Seccold está concentrado no período administrativo do Hospital Frei Galvão que vai de 1997 a 2018. No ano passado, Nering deixou a direção do hospital e o Instituto Axis, instituição católica, assumiu a gestão com a missão de reequilibrar as contas e recuperar os atendimentos filantrópicos da unidade médica.
“Os indícios apurados até agora, indicam pelo menos um desvio na ordem de R$ 10 milhões do Hospital Frei Galvão. O HFG é um patrimônio da cidade e a gente acredita que com esse trabalho, possa trazer uma melhora para o hospital e automaticamente para a saúde pública de Guaratinguetá, envolvendo também a saúde particular, pois todos precisamos de médicos, seja quem tem condições ou não de pagar”, dissertou o delegado.
Até o momento foram mais de 14 veículos apreendidos, além de bens, como imóveis, confiscados e contas bancárias bloqueadas. O bloqueio de bens atingiu diretamente Nering e a ex-esposa, além das empresas que o ex-casal mantêm sociedade. “Foram bloqueados todos os bens imóveis (de Nering). Bens móveis nós ainda não contabilizamos o total e também não sabemos ao certo quanto foi apreendido nas contas”, afirmou Adler.
De acordo com informações, a defesa de Nering manteve contato com o Seccold e teria afirmado que o ex-diretor se entregará neste fim de semana. Entretanto ele já teria feito manobra parecida durante a semana e permanece foragido. “Até o momento nós conseguimos identificar a estimativa desse valor de prejuízo, R$ 10 milhões. Mas até o momento. Pode ser que esse prejuízo seja muito maior”, explicou o delegado Sérgio Adler.
Segundo os delegados, as investigações devem seguir durante todo ano de 2020. Os agentes já confirmaram que vão interrogar o Instituto Axis, para ter acesso aos balancetes financeiros do hospital nos últimos anos, além dos contratos com empresas prestadoras de serviços e contas.