Esporte de alto rendimento enfraquece e Guará regride após anos de crescimento
Sonhando com volta, clubes alegam falta de incentivo e cidade perde calendário esportivo profissional
Leandro Oliveira
Guaratinguetá
Os altos e baixos devolveram o Manthiqueira para a quarta divisão do futebol paulista. O Yoka perdeu seus principais jogadores por falta de recursos e o município encontrou buracos no calendário esportivo profissional.
Os anos de glória do esporte profissional em Guaratinguetá se foram faz tempo. A trajetória do esporte no município caminha lado a lado com o crescimento do próprio Guaratinguetá Futebol, clube que se desenvolveu na última década. A cada acesso, os moradores da região abraçavam a Garça pelo sonho de chegar à primeira divisão paulista. O tão sonhado acesso veio em 2006. Após três anos na elite, o time foi rebaixado e mudou de cidade em 2010. Nessa mudança, o vínculo entre município e clube-empresa foi rompido. O Guaratinguetá mantinha em atividade o principal estádio da região, o Professor Dario Rodrigues Leite, e disputava ao menos duas competições por ano. As edições do Paulistão, das séries A-1, A-2 ou A-3 e o Campeonato Brasileiro das Séries B e C, além de torneios da categoria de base. Os rebaixamentos e a falta de apoio de empresários do Vale do Paraíba levaram o clube a pedir afastamento de competições da Federação Paulista de Futebol. “Infelizmente aí em Guaratinguetá se encerrou o ciclo. O time deve se encerrar de vez”, respondeu João Marcos Rodrigues, gerente do clube.
A queixa por falta de apoio se estende há anos e não é feita apenas por um clube, mas sim por todos. Sem a presença do Guaratinguetá, o Manthiqueira conquistou o carinho dos torcedores e foi campeão paulista da Série B em 2017. Neste ano, o clube disputou pela primeira vez a Série A-3, mas, diferente do ano anterior, fracassou. O rebaixamento enfraqueceu a alta do time laranja, que buscou o primeiro acesso durante sete anos até conquista-lo.Com um calendário diferente, o ano terminou para o Manthiqueira em março. Sem verba para investir, o clube foi para a A-3 com praticamente o mesmo elenco do ano anterior. Faltou experiência, mas também, investimento. “Foi difícil montar o elenco sem recursos financeiros, foi uma aposta de alto risco”, ressaltou o presidente da equipe Dado de Oliveira, na época da queda.
No futebol, atrair investidores é algo difícil. No futsal não é muito diferente. Apesar de inúmeros patrocinadores na camiseta, para se manter em alto nível o Yoka carece de investidores. O clube tem conseguido bons resultados nas competições oficiais que disputa. Em 2015 foi vice-campeão da Copa Paulista e perdeu a decisão para a Intelli, um dos principais times do País. No ano seguinte, ficou na semifinal da Liga Paulista, quando perdeu para o Corinthians, que se sagrou campeão.
Eram anos com orçamentos enxutos, mas com um elenco competitivo. Para 2017 e 2018 o time perdeu todos os principais jogadores e o rendimento caiu. Atualmente o Yoka é apenas o 14° dos 17 times que disputam a Liga Paulista, restando cinco rodadas para o fim da primeira fase.
Futuro incerto – O cenário atual prejudica até aqueles que têm ideias futuras com relação ao esporte profissional. João Carlos Cacalo foi goleiro da Esportiva e preparador de goleiros do Guaratinguetá. É dele a ideia da criação de um novo time de futebol, o Atlético Guaratinguetá. mas a iniciativa ficará apenas no papel e não tem como se concretizar. “Eu não tenho condições de fazer isso hoje. É só uma ideia. Estão falando que eu e o Marinho (ex-presidente do Guaratinguetá) estamos juntos nessa. Isso é mentira. Não sei de onde tiraram isso. É apenas um sonho”, enfatizou.