Cultura de Guará fecha mês da mulher com debate sobre avanços e dificuldades
Roda de conversa Café e Prosa coloca em pauta desafios e conquistas da luta pela igualdade
Juliana Aguilera
Guaratinguetá
A secretaria de Cultura de Guaratinguetá fechou o mês da mulher com a roda de conversa “Café e Prosa: a Mulher do Século XXI”, no Museu Conselheiro Rodrigues Alves. O evento, do último dia 22, foi mediado pela jornalista Neusa Cipolli, e abordou os desafios e conquistas da mulher, experiências de participantes e troca de conhecimentos.
Ao abrir a roda de conversa, a secretária da Cultura Aline Damásio explicou a proposta do encontro. “A ideia dessa conversa é que a gente possa contar um pouco da nossa trajetória para que as pessoas que estão em outro momento, em outra profissão, entendam um pouquinho sobre o que é o nosso dia a dia no século 21, que demanda tanto da mulher”, afirmou.
Estava presente também a diretora do Museu Frei Galvão, Tereza Maia, que contou suas experiências enquanto estudante no colégio São Joaquim, em Lorena. “Não podia misturar mulher com homem naquela época”, lembrou, assim como a secretária da Educação, Elizabete Sampaio, que contou que na época em que estudava no Colégio do Carmo, em Guaratinguetá, na década de 1960, não era permitida a entrada de homens e as vestimentas deviam cobrir o corpo todo.
A educadora Lessandra Carvalho, que também ministrou uma oficina sobre Adélia Prado (premiada escritora e poetisa brasileira), na última terça-feira, contou sobre suas dificuldades atuais. “Na questão da liberdade acho que nós ganhamos. Mas uma palavra que ficou martelando muito na minha cabeça foi a carga que nós carregamos hoje em dia por ser mulher. Depois de adulta, mãe e profissional, eu comecei a sentir a dificuldade que é administrar o papel de mulher no século 21”, relatou.
Outro testemunho no evento foi da subsecretária da Justiça e Cidadania, Dra. Soraya Regina Fernandes. Ela enfatizou a baixa presença de mulheres em escritórios de advocacia e na política. “O Tribunal Eleitoral, na última eleição de 2017, fez um levantamento que mostrou que apenas 13% foram eleitas prefeitas e 14% vereadoras”.
Outros assuntos como libertação sexual na década de 1960, questão da mulher indígena, o machismo no meio educacional, divergências de gerações e preconceito no âmbito profissional também foram discutidos. O assassinato da vereadora Marielle, do Rio de Janeiro, há duas semanas, foi lembrado.
A secretária Elizabete reforçou as barreiras ainda existentes. “O machismo ainda predomina. A voz feminina se levanta e sente as dores porque ela é uma mulher, porque ela é negra, porque ela tem uma opção sexual diferente, porque ela vem de uma favela. Se fosse um homem, não teria sido executada”, afirmou.