Ainda paralisada, obra no Mercado Municipal de Guará é foco de reclamações diárias e aguarda nova empresa

Permissionários se queixam de atraso na reforma, falta de limpeza, uso irregular de espaços e falta de administração por parte da Prefeitura; nova licitação impede definição de prazos para entrega

Situação atual do mercado municipal de Guará; mudança de empresa atrasou as obras (Foto: Thamiris Silva)

Thamiris Silva
Guaratinguetá

Com obras paradas desde o dia 14 de abril, o Mercado Municipal de Guaratinguetá se tornou foco de discussões por parte de insatisfeitos com os atrasos da reforma. A pausa foi solicitada após a suspensão do contrato com a Codesg (Companhia de Desenvolvimento de Guaratinguetá), que estava sob tutela das atividades desde julho de 2022.

De acordo com a secretaria de Turismo, responsável pela administração da obra, a Codesg pausou o trabalho por incapacidade de continuidade. A Prefeitura chegou a anunciar que uma nova licitação definiria a nova responsável pela obra, o que ainda não aconteceu.

 Em abril, o secretário de Turismo, Mário Augusto Rodrigues Nunes, o Marinho havia garantido ao Jornal Atos que não existe prejuízo para o convênio com o Estado e que está sendo feito uma readequação documental, para que estejam aptos a um novo processo licitatório. “Estamos definindo a planilha, o saldo existente para a nova empresa que assumir, após o processo licitatório. Solicitamos a prorrogação do contrato do convênio junto a secretaria de Turismo do Estado de São Paulo, em decorrência desta questão da Codesg, bem como, também, da atualização por parte da fiscalização do Dadetur (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos)”, salientou.

A mudança de empresa atrasou ainda mais o andamento das obras, o que ocasiona episódios de riscos para os trabalhadores e visitantes do centro comercial. Entre os exemplos, os flagrantes de pisos com irregularidades e o telhado, que segue inacabado ocasionando goteiras em época de chuva e acesso facilitado para passarinhos. “Todos os dias de manhã chego no serviço e tem que ficar limpando ‘cocô’ de passarinho. Eu queria que tivesse como fechar os buracos no telhado para eles não entrarem mais aqui. O chão que não foi feito o piso ainda, tem muito senhor de idade que fica tropeçando no piso. Tá complicado aqui (sic)”, relatou um trabalhador do local, que não quis se identificar.

Frequentador assíduo do Mercadão, Silvio Alves Monteiro, 75 anos, é morador de Aparecida e lamentou a situação do espaço em Guará. “Tem muita rebarba que está ficando para trás. Eu vi uma senhora, uma senhora de idade, que estava comprando laranja, estava saindo e ‘trupicou’ (tropeçou) no piso e quase caiu. Eu nunca levei tropeço, mas tem que andar prestando atenção principalmente nesta entrada”, contou.

Em contrapartida às reclamações dos permissionários e frequentadores, o secretário de Turismo garantiu que parte dos problemas poderiam ser evitados no começo da obra. “Nem todos os problemas, questões, apresentadas pelos permissionários são diretamente ligados à obra. Não diretamente. Eu entendo o anseio dos permissionários, mas vou falar de uma forma clara e objetiva. O ideal ‘lá atrás’, quando iniciou a obra, era que os permissionários fossem deslocados para iniciar as obras para depois que estivesse pronta. Entregar para eles (permissionários) continuarem com suas atividades comerciais”, pontuou o secretário. “Só que eles escolheram isso e infelizmente estão pagando preço”.

Telhado inacabado que causa goteiras em época de chuva (Foto: Thamiris Silva)

Em ano eleitoral, o atraso na obra do Mercadão ganha destaque nas discussões e aumenta ainda mais os questionamentos por parte de quem trabalha no local. Um grupo revelou que comentários contrários ao governo ou críticas construtivas sobre a administração não são bem recebidos.  Com mais 25 anos de banca no Mercado Municipal, um permissionário, que não revelou seu nome por receio de represálias, não escondeu o desapontamento com o trabalho da Prefeitura no centro comercial. “Como ele (Marcus Soliva – PL) é o prefeito agora, se a gente fizer uma crítica, ele pode fechar nós aqui (sic). Até ele sair, está com a máquina na mão. Eu estou aqui desde o começo da obra, que está muito devagar e agora inclusive já parou e nós ficamos parados aqui”, criticou.

Questionado pela reportagem do Jornal Atos se existe alguma expectativa de prazo para o retorno da obra, o secretário de Turismo não soube informar uma data exata, mas fez uma projeção. “Pela aprovação de orçamento junto ao convênio firmado e pela legislação eleitoral deste ano, eu acredito que antes de três meses a obra vai ser retomada”, afirmou Marinho.

Administração – Além dos problemas com a execução da obra, os permissionários do Mercado Municipal também sentem as consequências da falta da administração do espaço desde 2017.

Problemas como invasão, uso inadequado do espaço e a falta de solução para a situação com as fezes de passarinhos são queixas que continuam sem respostas. “O problema é que houve muita invasão porque não tem ninguém para tomar conta. Muitos permissionários invadiram outras bancas e estão há muito tempo sem pagar nada, porque não vem carne, não vem nada. A banca não é dele é da Prefeitura. Inclusive todas as bancas que a Prefeitura colocou X (há espaços com essa marca à tinta) está ocupada por permissionário e não deveria estar sendo ocupada”, relatou um permissionário, que também não quis se identificar.

Sobre as reclamações de invasão a espaços, o secretário de Obras, Paulo Barros, responsável pela administração do Mercado Municipal, afirmou que a fiscalização vem sendo realizada periodicamente e que a última teria sido feita no dia 12 de junho.

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