Feira diária de Aparecida alavanca trabalho de ambulantes, mas gera críticas na cidade

Decisão da Prefeitura visa atender demanda de turistas durante as férias; cidadãos se preocupam com lixo e trânsito

A feira livre de Aparecida, que teve funcionamento liberado durante todos os dias de janeiro; decisão é criticada por comerciantes do local (Foto: Juliana Aguilera)
A feira livre de Aparecida, que teve funcionamento liberado durante todos os dias de janeiro; decisão é criticada por comerciantes (Foto: Juliana Aguilera)

Juliana Aguilera
Aparecida

Os ambulantes da feira livre de Aparecida comemoraram o cronograma especial para o funcionamento das atividades em janeiro. O calendário anual 2018 da feira estendeu o período de permanência das bancas do dia 12 até o dia 28. A permanência traz maior lucro para os ambulantes, mas incomoda cidadãos de outras categorias.

A programação foi feita pela Prefeitura em conjunto com a associação da categoria e os ambulantes, em dezembro de 2017, durante reunião que, segundo o secretário do Comércio, Marcelo Rangel, contou com vinte participantes.

O contador José Benedito da Silva, que possui escritório na avenida Monumental, contou que as bancas montadas atrapalham a circulação de entrega de seus fornecedores. “Eu tenho uma gráfica embaixo. A firma vem entregar papel e não consegue chegar, se perdem. Ou temos que mudar a entrega da encomenda de lugar, ou por nas costas e trazer aqui”.

Silva disse ainda a reclamação de clientes, que não encontram espaço para estacionar o carro e que é preciso muitas vezes se deslocar até eles, pela dificuldade. O seu próprio carro fica em casa. “Eu venho do Jardim Paraíba para cá a pé. Às vezes, peço para minha esposa e ela me traz o mais próximo possível. Eu não consigo deixar o carro. O pessoal passa com essas bancas, arranha ele”, reclamou.

Limpeza – Outra preocupação do contador é com o lixo acumulado e a proliferação dos pernilongos, por conta das chuvas e água parada. A frequência de chuvas tem posto os ambulantes atentos com o lixo que é carregado para bueiros.

Segundo a ambulante Graziela Maria, a Prefeitura tem feito a limpeza do local apenas às sextas-feiras. “Nós mesmos que limpamos. Deixamos em sacolas. Se não limparmos, a gente chega aqui e está tudo sujo”.

A ambulante é uma das poucas que tem banca no meio da feira e ficam abertas todos os dias da semana. “Os romeiros costumam vir pra feira a partir da sexta-feira. Eles visitam bastante a Basílica, então não ficam andando muito por aqui, por causa do calor”, afirmou.

Para Graziela, o período de férias tem movimentado a cidade e melhorado as vendas de sua banca de acessórios para celular. Ela entende que o diálogo com demais moradores e trabalhadores da região é complicado. “As pessoas que moram aqui perto acham ruim que as bancas estão montadas, porque atrapalha bastante o trânsito da avenida. Mas é questão de conversar, não é todo ano que as bancas ficam montadas assim direto, por duas semanas”.

Turismo – Celso Lourenço tem uma banca na feira há 25 anos. Ele contou que tem aberto todos os dias da semana para aproveitar o movimento considerado de turistas, já que atua perto dos portões da Basílica. “A banca trabalhando mais dias é uma necessidade. Nessa época de janeiro e julho praticamente todos abrem. Vale ‘super’ a pena trabalhar”, exaltou.

Segundo o presidente da Associação Comercial e Industrial de Aparecida, Angelo Leite, o prolongamento dos dias da feira de ambulantes obteve resultados positivos em 2017, por isso a ação continua em 2018. “Aparecida está mudando muito. Por exemplo, essa semana todos os hotéis estão com 30, 40% de ocupação. Como a feira é um ponto turístico aqui, é um atrativo para o nosso visitante”, explicou.

O presidente afirmou ainda que um dos problemas da cidade é o espaço físico pequeno, que causa o incômodo de moradores e trabalhadores, mas ele ressaltou a importância de criar um ambiente confortável para o turista. “Como todo mundo quer estar perto da Basílica, é impossível. Então, sempre tem algumas críticas. Mas eu acho que todo mundo tem que pensar no bem da cidade e, principalmente, no nosso visitante, na qualidade de atendimento pra ele”, concluiu.

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