Em meio à discussão sobre o kit escolar, vereador abre guerra política na Câmara: “palhaçada”

Após declarações polêmicas, Diguinho corre risco de ser cassado por quebra de decoro; parlamentar não se arrepende de teor do discurso

Diguinho foi direto: “palhaçada” Arquivo Atos)
Diguinho foi direto: “palhaçada” Arquivo Atos)

Rafael Rodrigues
Aparecida

O clima esquentou durante a última sessão de Câmara de Aparecida, quando o vereador Carlos Rodrigo de Assis Wendling, o Diguinho (PP), voltou a falar sobre a compra do kit escolar por parte da Prefeitura (leia texto nesta página). O parlamentar, exaltado, apresentou aos colegas da Casa vários documentos referentes ao caso anunciando que havia ingressado com denúncia no MP (Ministério Público) e TCE (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo), mas ao ser questionado o motivo pelo qual não havia pedido nenhuma investigação na Câmara, foi enfático ao dizer que não o faz porque ali seria uma “palhaçada”.
Diguinho disse que sua parte havia sido feita. Entretanto, a base aliada do governo, encabeçada pelos vereadores Paulo Benedito dos Santos (PMDB), e Marcelo Pereira Rangel (PMDB) se mostraram ofendidos com a maneira que o vereador progressista se referiu.
Segundo os peemedebistas, Diguinho classificou as ações do Legislativo de ‘palhaçada’, fazendo referência a última CEI (Comissão Especial de Inquérito) que investigava possíveis irregularidades do governo Márcio Siqueira (PSDB), mas que perdeu o prazo e não deu resultado nenhum.
Sentindo-se humilhados pela declaração, os vereadores se reuniram na tarde desta terça-feira para definir uma posição quanto a declaração do vereador. A hipótese de abertura de um processo de quebra de decoro parlamentar teria sido “colocada na mesa”, o que poderia levar à cassação de Diguinho.
Os vereadores Paulo Benedito dos Santos (PMDB), Marcelo Pereira Rangel (PMDB) Adval Coelho e Adilson Boi na Brasa discutiram o assunto durante mais de duas horas, e chegaram a conclusão de que Wendling deve se retratar aos outros vereadores.
Acuado de quebra de decoro, Diguinho disse que estava tranquilo e que só respondeu durante a sessão aquilo que ele já presenciou na Casa. “A minha resposta foi de acordo com o que vejo que acontece dentro do parlamento. Infelizmente a resposta negativa gerou desconforto, mas eu já fiz minha parte denunciando a questão no MP e TCE”.
Apesar de “tranquilo”, o progressista afirmou que espera que não levem a denúncia a diante. “Foi proposto isso, mas eu não tenho medo de nada. Se tiverem que fazer alguma coisa contra o meu mandato que eles façam com consciência, porque se isso vai ou não prejudicar a cidade, são os moradores que irão julgar”.
Até o fechamento desta edição, os vereadores ainda não haviam apresentado uma decisão quanto à situação da Casa, após a declaração de Diguinho.
Denúncia – Foco da polêmica na Câmara, a denúncia apresentada por Wendling destaca a compra do kit escolar por parte da Prefeitura. Segundo o vereador, um mesmo produto aparece na lista com quatro preços diferentes.
Trata-se de uma maleta, que de acordo com os documentos apresentados por Diguinho, em um lote, no qual foram compradas duas mil unidades está no valor de R$30,50 e em outro, apresenta valor menor, de cerca de R$ 27.
A administração municipal garantiu a lisura do processo e afirmou que trata-se de um certame dividido por lotes, sendo que cada qual com um desconto diferente. Por essa razão é que há em alguns produtos, e não só na maleta, a variação de valores.
O secretário de Administração, Domingos Leo Monteiro, afirmou ainda que a licitação dos kits escolares cumpre todas as exigências do TCE (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo).
O prefeito Ernaldo César Marcondes (PMDB) também garantiu a legalidade da compra, e ainda ressaltou que o Executivo está de portas abertas para receber os vereadores e a comunidade para participarem de qualquer licitação. “Nós sempre convidamos os vereadores e a população para participar, assim eles podem ver a verdade e não focar de achismos”.

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