“A mudança só vem com atitudes diferentes”
Meio ambiente e renovação política são base para propostas de engenheira ambiental pré-candidata ao Congresso em 2018
Da Redação
Região
Com participação em coletivos como o “Agora!”, o “Renova BR” e o “Brasil 21”, onde empenha ações para a renovação política, Juliana, que é pré-candidata à deputada federal, se reuniu com outros nomes da nova geração, como o vice-prefeito de Guaratinguetá, Regis Yasumura (PSB), que ganha espaço entre os nomes que devem buscar uma vaga na Assembleia Legislativa.
Em Lorena, a jovem engenheira passou pelos estúdios do Jornal Atos onde falou sobre os projetos que pretende implantar durante entrevista no programa Atos no Rádio.
Atos – Você participa de três grupos: Movimento Agora, Instituto Brasil 21 e o Renova BR. Como que esses grupos trabalham com figuras como vocês, jovens que têm essa busca e promessa de renovação?
Juliana – Faço parte de redes diferentes e começo por uma que não foi citada, mas que talvez tenha sido a minha entrada nesse meio de discutir políticas públicas, foi a Raps (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), onde me tornei líder em 2016. É um espaço que surgiu pra gente discutir políticas públicas e os problemas do Brasil de uma forma apartidária focando em problema, solução e como implementar isso. É uma rede que tem três senadores, dois governadores, uma rede extensa de prefeitos do Brasil inteiro, vereadores, pessoas para discutir os problemas e soluções. E esses oásis de discutir efetividade e entrega é muito raro. Essa foi a primeira oportunidade que tive de entender melhor as dificuldades que a gente tem no sistema político.
Atos – Esse é um trabalho que vai além das siglas partidárias. Mas como vocês pretendem alcançar isso em meio a um sistema estabelecido com caciques e grandes partidos ainda fortes?
Juliana – O Brasil perdeu um pouco dessa identificação ideológica dos partidos. Isso faz com que o brasileiro vote em pessoas e não em ideologias. Até porque a gente tem 35 partidos diferentes no Brasil e fica difícil falar porque cada um tem uma ideologia forte. Então esses espaços sim trazem essa discussão, tira o passional, e a gente discute as políticas públicas e isso é muito interessante dentro da Raps, o que a gente chama de amizade cívica, onde a gente consegue compor com diferentes ideologias e candidaturas as possibilidades de mudança. Temos também pessoas da sociedade civil, de entidades privadas, sociais, para discutirmos os problemas do Brasil e diversos projetos de escuta para validação destas agendas. Isso aí vai gerar uma carta mandato que nós, futuros parlamentares, vamos seguir.
Atos – Mas você faz parte também de outros grupos políticos. Como eles funcionam?
Juliana – Também faço parte do Renova BR, processo seletivo aberto que teve quase cinco mil inscritos no Brasil inteiro. Hoje somos 132 pessoas no Brasil inteiro que são postulantes, futuros candidatos a deputado estadual, federal e distrital e acho que temos dois candidatos ao Senado. O Renova BR surgiu para impulsionar candidaturas, mas principalmente para preparar. Hoje, infelizmente, a gente não tem candidatos ou parlamentares que se preparam antes de exercer essa função. Com tantas iniciativas bacanas que vemos no País, a gente viu que poucas delas ensinavam e ajudavam a estruturar esse processo eleitoral, porque nós, candidatos novos, já saímos em desvantagem com relação a quem está hoje no poder. Então temos aulas que nos preparam muito, desde teoria geral do Estado, direito constitucional, funcionamento do Legislativo e até como a gente engaja as pessoas pelas redes sociais, para que, de alguma forma, a gente não só tenha instrumentos ferramentais para estruturar uma candidatura, mas que a gente chegue definitivamente preparado para exercer uma posição parlamentar.
Atos – Você está diretamente ligada à demandas ambientais. A região parece estar aquém daquilo que é necessário nesse cenário (leia texto ao lado sobre o selo Município VerdeAzul).
Juliana – Falo muito sobre a Logística Reversa. Temos uma lei no nosso País chamada Política Nacional de Resíduos Sólidos, que fala tanta coisa importante como que o cara que fabrica uma garrafinha de água e tem a responsabilidade de tirar ela do meio ambiente. Isso ajuda todas as pessoas em relação à reciclagem, que tirem esse resíduo do rio. Sobre esse selo, é uma política que eu defendo muito, é uma mostra de muito sucesso da gestão pública que poderia ser aplicado em todos os estados brasileiros.
É uma agenda ambiental prevista pelo Governo do Estado de São Paulo, e que a gente divide em dez diretivas diferentes, como o município que dá destinação correta para os resíduos sólidos, para a reciclagem, enfim, uma agenda muito robusta de gestão ambiental que ela norteia os gestores públicos a destinar a sua política de gestão ambiental municipal. É difícil implementar, precisa de muita vontade política e apoio técnico. Eu tive a experiência em Poá, que era a 12ª cidade do Alto Tietê, e chegamos ao segunda lugar de gestão ambiental municipal, um avanço muito grande em um ano e meio de trabalho. Mas infelizmente a questão ambiental acaba não sendo prioridade de muitos municípios, e é justificável, afinal temos tantos problemas de segurança, saúde, educação, só que também temos que parar para pensar que se a gente não preservar o hoje, o amanhã já não vai ter mais.
Atos – Voltando à campanha eleitoral, você trabalha com o financiamento coletivo. Isso tem funcionado?
Juliana – Isso vem de mais uma das pérolas que temos na legislação brasileira. Nos disseram que tínhamos que reduzir o tempo de campanha, que antes era de 90 dias e agora é de 45 dias, e aí mudou a forma de financiamento de campanha. Não pode mais receber dinheiro privado, e passou a receber dinheiro público, ou seja, tem o fundo eleitoral com mais de bilhões de reais que cada um de nós paga para que seja feita a campanha eleitoral. Então tirou do ente privado e passou para o ente público. Isso pesa. A democracia tem um custo. Isso é um fato, é difícil, e a gente que está disputando com deputados eleitos que estão lá há quatro anos fazendo os seus nomes e seus trabalhos. E como mudou a regra, é importante a gente chamar as pessoas para participar, porque a democracia é a coisa mais valiosa que nós brasileiros temos. Dentro desse processo começamos com o financiamento coletivo de campanha, com o objetivo de chamar as pessoas para participar desse processo democrático, e o Brasil ainda não tem essa cultura, é tudo muito novo. Estamos concorrendo com pessoas que despejam milhões de reais, e se estamos vindo com uma proposta diferente, é para exatamente fazer um trabalho diferente. Tem candidato que oferece R$10, uma cesta básica pelo voto, e a gente não vai fazer isso porque estamos fazendo uma política de boas ideias, propostas e grupo. Então estamos concorrendo com o cara que dá, e como a gente reverte essa história? Chamando as pessoas para a participação, que seja com R$ 10, com R$ 15, com R$ 20… esse financiamento tem um limite de R$ 1.064 por doação por dia, então a pessoa não pode doar mais do que isso, mas podem sim agregar. A gente acredita que há políticos do bem, tanto que estamos colocando o nosso dinheiro junto com o grupo. A mudança só vem com atitudes diferentes. A política não é ruim, é um meio de transformação, o ruim são as escolhas que as pessoas fazem.