Polícia Civil investiga morte de grávida após queda de mureta em São Sebastião
Estrutura estava deteriorada pela maresia; condomínio pode ser punido
Lucas Barbosa
São Sebastião
A Polícia Civil de São Sebastião abriu um inquérito para apurar a responsabilidade dos proprietários do condomínio em que uma gestante morreu após cair de um deck no último sábado. Análises preliminares apontaram que a estrutura que cedeu estava danificada.
Moradores de São Bernardo do Campo, na região do ABC Paulista, o casal Flávia de Souza, 33 anos, e Marcelo Martins, 35 anos, alugou um apartamento no condomínio Paraíso Átila, no bairro Praia Preta, para passar o final de semana ao lado de um grupo de familiares.
De acordo com a Polícia Civil, por volta das 7h do último sábado, Flávia se apoiou na mureta do deck (plataforma feitas com tábuas) do condomínio para tirar uma foto com a praia de Juquehy ao fundo, mas a estrutura se rompeu e ela despencou de uma altura de quase dez metros, se chocando contra as rochas. Na tentativa de socorrer a esposa, Martins se jogou na encosta. A cena foi presenciada pelo filho do casal, de apenas 9 anos.
Acionado por funcionários do condomínio, o Corpo de Bombeiros utilizou uma embarcação para resgatar o casal. Na sequência, as vítimas foram encaminhadas ao Pronto Socorro de São Sebastião, mas cerca de meia hora depois de dar entrada na unidade, a gestante e o feto de cinco meses não resistiram aos ferimentos. Marcelo Martins, que fraturou o punho e teve diversas escoriações pelo corpo, foi medicado e liberado na manhã do dia seguinte.
Segundo o boletim de ocorrência, policiais civis constataram que a mureta estava deteriorada por causa da maresia, tendo partes de ferragens à mostra e uma pedação do guarda-corpos estava caída anteriormente nas pedras.
A Polícia Civil informou que até o fim desta semana uma nova perícia técnica será realizada no local do acidente. Caso seja comprovada negligência nos cuidados do deck, os proprietários do condomínio deverão responder por omissão e homicídio culposo (quando não há intenção de matar).
O corpo de Flávia, que era professora infantil, foi enterrado no fim da tarde do último domingo no cemitério Memorial Jardim Santo André, em Santo André, também na região do ABC Paulista.
A reportagem do Jornal Atos tentou entrar em contato com a direção do condomínio Paraíso Átila, mas até o fechamento desta edição, nenhum responsável foi encontrado para comentar o caso.
Em resposta ao site G1, o portal de notícias da Globo, o advogado de defesa, Roberto Abrantes, afirmou que o condomínio está prestando todo o apoio necessário à família da vítima, e que aguardará o resultado da perícia para se pronunciar mais profundamente sobre o caso.