À espera de reforço, Vale registra aumento de 22% de assassinatos no primeiro mês de Doria

Vale e Litoral tem 33 mortes violentas e queda de roubos e furtos; Estado comemora produtividade policial

Lucas Barbosa
Regional

A Polícia Militar é um dos destaques do início da gestão Doria à frente do Estado (Foto:Reprodução).
A Polícia Militar é um dos destaques do início da gestão Doria à frente do Estado (Foto:Reprodução).

Enfrentando um déficit de cerca de mil policiais, a RMVPLN (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte) registrou em janeiro um aumento de 22% no número de assassinatos em comparação com o mesmo período do ano passado. Com cinco mortes violentas cada, os destaques negativos do levantamento da secretaria de Segurança Pública foram Cruzeiro, Jacareí e Pindamonhangaba. O mês, o primeiro com João Doria (PSDB) à frente do Estado, foi marcado ainda pelo aumento nos índices de atividades da Polícia Militar na região.

De acordo com os dados do Estado, no primeiro mês do ano a região contabilizou 32 vítimas de homicídios dolosos (quando existe a intenção de matar) e 1 latrocínio (roubo seguido de morte). O montante supera o de janeiro de 2018, que foi de 27 homicídios dolosos.

Entre as cidades com situação mais preocupante, Cruzeiro foi palco de um dos casos mais chocantes no início do ano. No dia 18 de janeiro, o pequeno João Pedro Ribeiro, 3 anos, foi morto à golpes de cabo de vassoura pelo padrasto Mauro Gleydson Lima, 23 anos, na casa da família, no Vila Brasil. Em depoimento, o assassino confessou que, no dia do crime, ficou irritado porque o enteado estava chorando muito.

Com a ajuda da mãe da criança, Taís Albano 22 anos, o padrasto enterrou o corpo em um matagal, localizado na avenida Florindo Antico, no bairro Km 4.

O crime foi descoberto pela Polícia Civil em 20 de janeiro. O casal segue preso e poderá ser condenado até trinta anos de prisão pelos crimes de ocultação de cadáver e homicídio qualificado por motivo fútil com emprego de meio cruel, agravado por ter sido cometido contra menor de 14 de anos.

Além do assassinato de João Pedro, Cruzeiro teve outros quatro homicídios dolosos, contabilizando um aumento de 150% em comparação com janeiro do ano passado quando apenas dois moradores foram assassinados.

Já Pindamonhangaba registrou um crescimento de 400% em vítimas de mortes violentas entre o período, saltando de 1 para 5 casos.

A ocorrência mais relevante foi registrada em 14 de janeiro, quando uma família foi vítima de uma tentativa de chacina na rua Amazonas, no bairro Terra dos Ipês, no distrito de Moreira César. Na ocasião, 12 criminosos armados invadiram o imóvel da família, natural de Guaratinguetá, que havia se mudado há pouco mais de um mês para o local.

Além de assassinar um homem de 58 anos, os atiradores alvejaram um rapaz de 21 anos, uma mulher de 44 anos e uma gestante de 25 anos.

Um dos membros da quadrilha foi baleado por acidente pelos comparsas e também morreu no local.

De acordo com a Polícia Civil o crime foi motivado por uma disputa de duas quadrilhas de traficantes de drogas de Guaratinguetá.

Os demais municípios da região que registraram assassinatos no primeiro mês de 2019 foram Aparecida (1), Caraguatatuba (3), Cunha (1), Guaratinguetá (2), Lorena (2), Queluz (1), São José dos Campos (1), São Sebastião (1), Taubaté (2) e Ubatuba (4).

Queda – Em contrapartida ao aumento de mortes violentas, a região teve queda nos números de roubos e furtos em janeiro.

No comparativo com o ano passado, o primeiro indicador obteve uma redução de 13%, caindo de 701 para 607.

Os furtos diminuíram pouco mais de 1%, passando de 701 para 607 ocorrências.

Gestão – Apesar de ser a mais violenta região do Estado em 2018 e ter registrado um aumento de assassinatos no primeiro mês de 2019, a região convive com um déficit de cerca de mil policiais civis e militares.

O levantamento da Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo) revelou que o estado de São Paulo contabiliza um déficit de 13.553 policiais civis.

Apesar dos problemas com o efetivo, o primeiro mês de Doria à frente do governo estadual foi de números positivos quanto à produtividade policial. O Vale do Paraíba contabilizou aumento em 8 dos 13 indicadores do Estado, como as ocorrências de porte de entorpecente (87 para 110), apreensão de entorpecente (9 para 11), prisões (755 para 894), armas de fogo apreendidas (87 para 101), flagrantes lavrados (491 para 542) e pessoas presas em flagrante (580 para 610).

Outros índices caíram, como tráfico de drogas (285 para 247), porte ilegal de arma (44 para 43) e veículos recuperados (243 para 183). À frente do Vale, somente as regiões de Santos e Piracicaba, com alta em 10 e nove indicadores, respectivamente.

A RMVale segue como a recordista no número de vítimas de homicídio e latrocínio no interior do Estado, com 364 mortes. Foram 338 ocorrências de homicídio e 26 de latrocínios.

Mesmo com dados alarmantes, a região ficou fora da lista de municípios atendidos com sedes do Baep (Batalhões de Ações Especiais de Polícia), mesmo após o atual governador ter afirmado durante a campanha eleitoral que Taubaté ficaria com uma das quatro unidades anunciadas em janeiro.

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