Atos e Fatos
“Você é livre para fazer sua escolha, mas prisioneiro das consequências.”
Pablo Neruda
O VIRUS DA POLÍTICA
Mandetta deixa o Ministério da Saúde entre abraços e beijos.
Não estava de máscara, mas portava a natural que usou durante a sua permanência no ministério.
O presidente da Câmara dos Deputados entende que ele deixou um legado (?).
O legado que deixou talvez tenha sido fortalecer o DEM que estava em processo de fusão com outro partido após a eleição do presidente Bolsonaro.
Com a eleição de Davi Alcolumbre na presidência do Senado o partido assumiu ares de liderança política, opositor declarado ao governo do presidente Bolsonaro.
A exposição na televisão, manchetes de jornais e aliança com os governadores, o presidente da Câmara dos Deputados sentiu-se o primeiro ministro ignorando as ações administrativas e legislativas sufocando as ações do poder executivo.
Mandetta não foi ético, pois provocou acintosamente o presidente Bolsonaro durante a sua gestão e realizou uma entrevista em um canal de televisão que o presidente aboliu e no palácio do governo de outro correligionário opositor, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado.
Não foi nada elegante. Claro ficou que a sua posição como ministro da Saúde era meramente política e não um seguidor da ciência e que não tinha plano nenhum de combate ao vírus para o país.
O novo ministro NelsonTeich vem de outra escola de medicina e ciência. Tem experiência como gestor. É o que estamos precisando.
A cópia de modelos praticados na Itália, Espanha e Portugal não se adequam ao nosso país em função do clima, disposição das cidades, cultura mobilidade social.
O modelo anterior levava ao país a uma indecisão sobre o progresso do combate, que era o contrário que a televisão mostrava. Só óbitos.
Antes de começarmos o dia a pergunta: quantos morreram? As fotos aéreas sobrevoando os cemitérios com as covas abertas com retroescavadeiras quer mostrar o que? Serei o próximo? As pessoas com imunidade baixa? Como fica a cabeça das pessoas com idade avançada?
A figura do presidente no meio do povo, sem máscara, é uma prova de que vamos superar a crise. O presidente clama à sociedade: coragem!
A imprensa gostaria de ver o presidente cabisbaixo lamentando a morte dos brasileiros e consolando suas famílias.
As pessoas sabem da gravidade do pandemônio e como conviver com ele em cinquenta metros de área construída, sanitário fora de casa e água de cacimba.
Portanto, o discurso do isolamento, de lavar as mãos com sabonete, o uso de máscaras e a volta às atividades necessitam de atitudes mais dirigidas às comunidades.
Esta função caberia aos prefeitos municipais, que conhecem o seu município, o seu povo, mas que por necessidade de recursos financeiros causados, em parte, por falta de uma gestão decente, preferem atender as ordens do seu governador -o repassador de recursos- e levar o seu povo ao desespero.
Momentos de apreensão, angústia e os otimistas declaradamente otimistas que o mundo será diferente depois deste pandemônio!
A tese de uma melhoria no mundo após a atual crise é perfeitamente desprezível.
Estamos falando de um país em que as pessoas não têm identificação civil, não alcançaram o nível de cidadão, não tem cadastro para receber ajuda do governo, água encanada, sabonete e vaso sanitário, artigos de luxo que não são imprescindíveis. Estamos no conjunto das dez maiores economias do mundo, pedir esmola e cinco reais para comprar leite para o filho recém-nascido é um hábito que levam as pessoas para o céu.
Uma classe política corporativista, despreparada, que não alcançou um nível de politização para criar um pacto, com todos os partidos, no sentido de combater o vírus e não fazer do vírus motivo de palanque eleitoral.
Não é só lavar as mãos com sabonete!