Prefeitura assume Coambiental após falhas de gestão em Ubatuba
Empresa era responsável pelo tratamento de esgoto no Praia Grande; Prefeitura pressiona Sabesp em busca de melhorias para o serviço
Ubatuba
Criada em 1992 por membros da Associação de Moradores da Praia Grande, a empresa Coambiental há quase três décadas era responsável pelo sistema de coleta, tratamento e destinação do esgoto do bairro.
De acordo com a Prefeitura, nos últimos anos foram verificadas diversas falhas na gestão da empresa, comprometendo a qualidade e ampliação do serviço prestado. Os principais problemas encontrados foram falta de prestação de contas nos últimos quatro anos, descumprimento do cronograma de obras que duplicaria a estação de tratamento até 2015, erros no processo de destinação dos resíduos, danos ao meio ambiente e desequilíbrio financeiro.
O município também constatou que apesar de ter licença da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado do São Paulo) para gerir apenas 1,4 mil ligações de esgoto, a Coambiental mantinha 5,4 mil.
Preocupada com o cenário administrativo da empresa e a efetividade do serviço prestado às famílias do Praia Grande, a Prefeitura solicitou à Justiça em 9 de abril a intervenção na gestão da Coambiental. O pedido foi atendido pelo Judiciário na manhã da última terça-feira.
Selecionados pelo prefeito Délcio Sato (PSD), os interventores Pedro Vicente Tuzino e Ivo de Oliveira serão responsáveis pela gestão da Coambiental. Apesar da mudança no comando da empresa, seus 14 funcionários foram mantidos.
Além de ressaltar que durante a intervenção será adotado um plano de ações para corrigir as falhas administrativas, o interventor Pedro Vicente Tuzino revelou que o município também fará o possível para pressionar a Sabesp a investir na ampliação da sua rede de saneamento básico, que atualmente disponibiliza água tratada para apenas 80% da população e rede de esgoto para 33%.
Há quase quatro décadas atuando na cidade litorânea, a concessionária está com seu contrato vencido desde 2010. “Já solicitamos melhorias inúmeras vezes à Sabesp, que apesar de ter arrecadado mais de R$ 1 bilhão nestes anos, não investiu o quanto deveria para sanar as necessidades de Ubatuba. Infelizmente, somos uma das cidades com o menor índice de cobertura da companhia. Já que até o momento nenhuma outra concessionária demonstrou interesse em participar de um novo processo licitatório, manteremos as tratativas com a Sabesp para que ela passe a atender toda a população o mais breve possível”.
De acordo com a Prefeitura, até o fim de maio será apresentado aos moradores novo Plano Municipal de Saneamento Básico, que tem como meta a criação de uma agência reguladora e a divulgação do levantamento que revela o quadro de necessidades para a ampliação do sistema de água e esgoto na cidade. “Precisamos tomar atitudes que proporcionem a Ubatuba um salto na qualidade de vida para todos. Talvez a municipalização possa ser o caminho para a solução, mas contamos com a participação da população na preservação dos rios, ligando suas residências às redes e apoiando nossas iniciativas”, explicou o prefeito.
A reportagem do Jornal Atos tentou solicitar um posicionamento da Sabesp sobre o caso, mas nenhum responsável foi localizado até o fechamento desta edição.
