Número de mortos em tragédia no Litoral sobe para 54 e Estado amplia atendimento

Defesa Civil mantém buscas por sobreviventes em São Sebastião; Tarcísio projeta construção de casas para famílias que perderam seus imóveis

Equipes de resgate trabalhando em buscas no Litoral Norte; número de vítimas fatais sobe para 54 (Foto: Reprodução GESP)

Da Redação
São Sebastião

A Defesa Civil do Estado revelou na manhã desta sexta-feira (24) que subiu para 54 o número de mortos no temporal que castigou o Litoral Norte, principalmente em São Sebastião, no último fim de semana. Enquanto as equipes de resgate seguem o trabalho de busca por vítimas soterradas, o Governo do Estado planeja a construção de moradias às famílias que perderam suas casas no desastre.

Durante entrevista à imprensa, na manhã desta sexta-feira, o secretário-chefe da Casa Militar e coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Henguel Ricardo Pereira, informou que, durante as buscas na última madrugada na costa sul de São Sebastião, foram localizados mais cinco corpos. O membro do primeiro escalão estadual revelou ainda que das 54 vítimas fatais do temporal, sendo 53 encontradas em São Sebastião e uma em Ubatuba, já foram identificadas 38, que se tratam de 13 homens, 12 mulheres e 13 crianças (que não tiveram seus sexos divulgados). A maioria dos mortos morava na costa sul sebastianense, principalmente em uma área de risco no bairro Vila Sahy.

De acordo com a Defesa Civil, cerca de trinta moradores da cidade praiana seguem desaparecidos e outros quatro mil desalojados (que deixaram seus lares, mas têm para onde ir) ou desabrigados (que precisam ser levados para abrigos municipais por não terem para onde ir).

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou na manhã da última quinta-feira (23) que sua equipe elaborará um plano habitacional para atender as famílias que tiveram suas casas destruídas. Apesar de não revelar a data de início de execução do projeto, Freitas explicou que é prevista a construção de dezenas de moradias populares em São Sebastião, inclusive uma espécie de vila de passagem onde as famílias seriam abrigadas temporariamente até a conclusão da edificação dos imóveis. As áreas que deverão receber as casas populares, que serão erguidas pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), ficam nos bairros Barra do Sahy, Maresias e Topolândia.

Recursos básicos doados por cidades da região, que são distribuídos para vítimas desabrigadas (Foto: Reprodução GESP)

Durante seu pronunciamento, o governador destacou ainda que em breve será implantado no Litoral Norte um novo sistema de alerta de tempestades e desastres naturais, tendo em vista que foi constatado que o atual modelo, que consiste no envio de mensagens de SMS para os celulares de cerca de trinta mil moradores cadastrados em uma plataforma estadual, não atingiu a eficiência desejada. “Precisamos ter uma maneira mais efetiva de alerta, então a ideia é utilizar um sistema de broadcast. Além disso, instalaremos um sistema de sirenes no litoral, que já existe em alguns outros estados. Treinaremos a população para que quando tocar a sirene ela saiba para qual ponto de apoio deverá ir. Também incluiremos nas escolas estaduais uma disciplina que ensinará às crianças noções de primeiros socorros e como agir em situações de desastre, assim elas poderão levar esse conhecimento para suas famílias”, explicou Freitas.

Horas antes, o prefeito Felipe Augusto (PSDB) havia rechaçado o uso do material, em entrevista à Rádio BandNews.

Para contribuir com as famílias afetadas pelo temporal, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), liberou na última quarta-feira (22) R$ 7 milhões à Prefeitura de São Sebastião. Segundo o ministério da Integração e Desenvolvimento Regional o montante deverá ser aplicado nas aquisições de cestas básicas, água mineral, kits de limpeza e de higiene pessoal, colchões, combustível e aluguel de caminhão-pipa.

Responsabilidade e preocupação – Questionada pela imprensa nacional sobre a falta de medidas efetivas que pudessem evitar as mortes, o prefeito atribuiu a responsabilidade do caso aos governos anteriores. Além de informar que a ocupação irregular da área de risco no Vila Sahy ocorreu há cerca de 15 anos, o Executivo destacou que as antigas gestões não respeitaram os 42 TAC´s (Termos de Ajustes de Condutas) firmados em 2009 com o MP (Ministério Público) que previam a regularização de 54 núcleos habitacionais. O descumprimento dos TAC´s provocou o agravamento do problema, resultando no crescimento desordenado dos núcleos existentes e o surgimento de outros 48.

Além de afirmar que desde 2013 não recebe verbas para a prevenção de desastres naturais, a Prefeitura ressaltou ainda que nos últimos anos vêm atuando para evitar a instalação de mais famílias em áreas de risco e promovendo a regularização de pontos da cidade e medidas que minimizem os impactos à população causados por tempestades e enchentes.

Aumentando a preocupação das famílias do Litoral Norte, a região deverá registrar novas chuvas neste fim de semana. De acordo com o Cptec-Inpe (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba possuem 90% de chance de terem períodos chuvosos nestes próximos sábado (25) e domingo (26).

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