Paciente tem braço imobilizado com garrafa pet na Santa Casa de Cruzeiro
Homem corre o risco de perder permanentemente o movimento da mão; colega de quarto espera atendimento há uma semana
Maria Fernanda Rezende
Cruzeiro

Internado após se acidentar, um paciente da Santa Casa de Cruzeiro teve seu braço “imobilizado” com um pedaço de garrafa pet.
A cirurgia demorou quase duas semanas para ser realizada. Esse não foi o único caso a chamar a atenção nesta semana na cidade, já que o colega de quarto do paciente, também acidentado, aguarda atendimento médico por mais de uma semana.
O pedreiro Joel Moreira sofreu um acidente no último dia 17 e foi levado ao hospital de Cruzeiro. O médico que o atendeu enfaixou seu braço e utilizou parte de uma garrafa pet na área afetada para limitar os movimentos.
A reportagem do Jornal Atos conversou com o paciente por celular. Segundo ele, o profissional tinha materiais adequados à disposição, mas optou por outro procedimento. “Ele disse que já tinha dado certo em um amigo e deixou assim”, afirmou Moreira.
Para a família foi alegado que era necessário aguardar vaga em hospitais de outras cidades para que a cirurgia fosse feita. Pouco mais de uma semana de aguardo, foi diagnosticada a perda do movimento da mão de Joel.
Na última quarta-feira, o procedimento cirúrgico foi realizado na unidade hospitalar de Cruzeiro, por um médico enviado de Lorena. Moreira salientou que tudo só foi resolvido depois dos constantes apelos feitos por redes sociais.
O motoboy Deivid Maciel passa por uma situação parecida com a de seu colega de quarto. No último dia 22, ele sofreu um acidente e foi encaminhado ao Pronto Socorro, que na ocasião não contava com um ortopedista de plantão. O paciente foi liberado na mesma noite, apenas com a tala colocada pelos bombeiros que o resgataram.
Maciel relatou que na manhã seguinte retornou ao local com fortes dores. Um técnico em radiologia analisou as radiografias e certificou que era caso de intervenção cirúrgica. Ainda de acordo com o paciente, as informações e fotos dos exames foram enviadas via Whatsapp para um ortopedista que autorizou a internação.
“Esse médico nem passa aqui no quarto para me ver, ele nem sabe qual é minha situação realmente. A radiografia foi tirada uma vez só. Se não for tão grave, esse leito aqui poderia estar sendo ocupado por outra pessoa”, criticou o paciente, que ainda aguarda uma visita médica para avaliar o quadro.
Procurado pela reportagem, o interventor da Santa Casa, Carlos Ávila, explicou que o caso de Joel foi complicado devido a obesidade do paciente e ao movimento do braço. Com tecido flácido, o gesso inicial teria se rompido e um material que pode ser usado nesse caso é o polietileno (material da garrafa pet) para dar sustentação abaixo do gesso afim de evitar que a imobilização ceda.
Ávila revelou que o médico que fez a cirurgia do paciente é o Dr. Fernando Coutinho, de Cruzeiro, e que faz plantões em Lorena, contratado para chefiar a equipe de ortopedia.
Sobre o tempo de espera, o paciente aguardava vaga no Sistema Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde) e esgotaram as tentativas de encaminhamento.
Já no caso de Deivid, a interventoria informou que o técnico em radiologia não tem capacidade técnica para dizer que o caso é ou não cirúrgico, isso é de autonomia exclusiva de médico.
O paciente foi avaliado pela equipe de ortopedia e será operado pelo mesmo médico citado acima, na próxima segunda feira.