Caso de pai que enterrou filha repercute em Piquete
Prefeita Teca Gouvêa nega falha de atendimento e instaura processo administrativo para apuração dos fatos; família cobra explicação
Rafaela Lourenço
Piquete

Um sepultamento em Piquete viralizou nas redes sociais, após o pai ter que cavar a cova da própria filha no Cemitério Municipal. Segundo a família, os coveiros se negaram a realizar os serviços por falta de autorização superior. Com a administração criticada pelo fato, a prefeita Teca Gouvêa (PSB) abrirá um procedimento administrativo para apurar o caso, mas nega a falha do poder público.
A jovem Jéssica Vieira de Queiroz, de apenas 23 anos, morreu de insuficiência renal na madrugada do último dia 5, na Santa Casa de Lorena. O corpo foi velado na casa da família, mas os problemas vieram na hora do sepultamento.
O irmão da jovem, Diego Amaral, gravou e postou um vídeo nas redes sociais mostrando a indignação com o sepultamento, já que o pai e outro irmão de Jéssica tiveram que abrir a cova, pois o funcionário da Prefeitura se negou a fazer o serviço por ordem superior.
Amaral contou ainda que procuraram pela prefeita Teca e receberam a informação de que deveriam procurar pelo responsável da manutenção do cemitério, o engenheiro João Bosco, que não foi encontrado pelos familiares que fizeram o serviço no cemitério. “Os coveiros não têm culpa disso porque recebem ordem de cima, mas mostro o que está acontecendo no cemitério de Piquete. Quem está abrindo o buraco é meu pai e meu irmão”.
O secretário Geral do Município, André Moura, contou que Teca, quando procurada pelos familiares, não soube dar os detalhes do procedimento, por isso indicou o engenheiro responsável. Ele disse ainda que não teve o retorno dos familiares.
Ainda segundo Moura, pela manhã o coveiro plantonista informou ao pai da falecida sobre os procedimentos de sepultamento do cemitério, onde a cova pública recebe o trabalho dos servidores municipais e os túmulos particulares devem ser terceirizados pela família. “Na verdade a prefeita determinou que instaurasse um procedimento administrativo para apurar o que de fato aconteceu no cemitério, mas a orientação que tem lá é como em outras cidades como em Lorena, Cachoeira Paulista, se for terreno particular o coveiro não faz esse trabalho, a família paga terceiros para ser feito”.
A reportagem do Jornal Atos entrou em contato com as administrações dos cemitérios das cidades citadas que contrariaram a informação do secretário. Em Lorena e Cachoeira Paulista, todos os serviços de sepultamento são feitos pelos servidores municipais, e não terceirizados.
Consequências – A família da falecida revelou à imprensa regional na última semana que entraria Justiça contra a Prefeitura. A reportagem procurou pelo advogado da família, mas não foi atendida até o fechamento desta matéria.
Ofendida com os insultos na rede social, a prefeita Teca Gouvêa registrou um boletim de ocorrência, e acredita que a repercussão do caso tenha motivação política para prejudicar a sua imagem.