Santa Casa suspende internações após superlotação de leitos em Lorena

Hospital cobra apoio financeiro estadual e melhor distribuição de atendimentos na saúde regional; demanda crescente em 400%

Gráfico dos registros de atendimentos do hospital, em Lorena (Foto: Divulgação Santa Casa)

Rafaela Lourenço
Lorena

A Santa Casa de Lorena decretou superlotação e suspendeu temporariamente as internações via SUS (Sistema Único de Saúde). Alegando também a escassez de recursos para arcar com o serviço, o hospital segue sem prazo para retornar à normalidade, enquanto pacientes aguardam para serem internados.

A unidade, que espera desde o ano passado pelo fortalecimento do Governo do Estado com o Tripé da Saúde, ainda sem detalhes sobre as especialidades e valores, encontrou como saída a suspensão temporária de serviços para manter a qualidade do que pode ser prestado à população. Medida adotada após atingir 100% de internações em leitos há mais de cinco dias, como os de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal, UTI adulto e maternidade SUS. O comunicado oficial destaca a ocupação de 93% dos leitos de clínica médica, 86% de clínica cirúrgica e 129% da clínica de internação Pronto Socorro.

Segundo o superintendente da Santa Casa, Dario Costa, a “demanda de porta” vem aumento gradativamente desde o início do ano, sendo 400% apenas de pediatria e que é impossível continuar custeando despesas com o atual fluxo. “Tenho 14 pacientes no PS aguardando internação e a porta do Pronto Socorro está lotada, mas eu infelizmente não tenho aonde colocar. A gente não tem estrutura física pra absorver essa demanda. Os serviços da região trazem os pacientes todos pra nós, então não tem como”, frisou Costa, ao exemplificar internações demoradores de Canas, Cachoeira Paulista e Cruzeiro.

Além da capacidade física, o último gasto trimestral com medicamentos SUS foi de R$ 1.662 milhão. Uma média diária de R$ 31 mil, o que antes dos aumentos no mercado de insumos hospitalares, girava em torno de R$ 19 mil. Dario acrescentou ainda a dificuldade para encontrar medicamentos após os impactos da pandemia, que também afetaram os valores. “Quando encontramos o medicamento no fornecedor, o preço é 200% acima do praticado”.

As dívidas atuais da unidade giram em torno de R$ 4,5 milhões com equipes médicas, de assistência e fornecedores. O comunicado oficial destaca que o aumento dos custos dos medicamentos somado à redução dos repasses recebidos (do Estado) têm impactado drasticamente no custeio e fornecimento para os hospitalizados do Sistema Único de Saúde.

Referência em atendimentos como o de maternidade neonatal e para gestações de alto risco, a Santa Casa esgotou todas as linhas de recursos financeiros para “a manutenção dos eficientes atendimentos prestados àqueles que procuram serviços hospitalares oferecidos, deixando claro que a dívida junto aos prestadores médicos, equipe assistencial e fornecedores, ultrapassa o orçamento dos próximos três meses (trecho do documento)”.

A gestão destacou ainda que o monitoramento dos leitos seguirá em tempo real e que de acordo com a diminuição dos hospitalizados, as vagas serão imediatamente abertas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *