Santa Casa de Lorena realiza primeira captação múltipla de órgãos de 2023

Hospital garante captação de cinco órgãos para atendimento que beneficia pacientes da lista de espera do SUS

Equipes de capitação e do centro cirúrgico; Santa Casa de Lorena faz primeira capitação múltipla de órgãos do ano (Foto: Divulgação SCML)

Da Redação
Lorena

A Santa Casa de Lorena realizou, na última semana, a primeira captação múltipla de órgãos de 2023, através da OPO (Organização de Procura de Órgãos e Tecidos) do Hospital de Clínicas da Unicamp (Universidade de Campinas).

Após a confirmação da morte cerebral do paciente, a equipe da UTI (Unidade de Terapia Intensiva), da Santa Casa, acolheu a família para dar o diagnóstico e solicitar o consentimento para a captação e doação dos órgãos.

O trabalho da equipe do hospital possibilitará a doação de dois rins, um fígado e duas córneas. Os órgãos doados vão para pacientes que aguardam na lista de espera por um transplante. Essa lista é única, organizada por estado ou região e monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes.

Todo o procedimento foi garantido de forma integral e gratuita pelo SUS (Sistema Único de Saúde), responsável por financiar e fazer mais de 88% de todos os transplantes de órgãos no país.
“Infelizmente, às vezes o paciente chega muito doente e nós não conseguimos salvar, mas quando temos um diagnóstico de morte encefálica, temos também a possibilidade de salvar muitos outros pacientes. Por isso, agradecemos não por nós, mas pelas inúmeras pessoas que estão precisando, explicou o diretor clínico e presidente da CIHDOTT (Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes) da Santa Casa de Lorena, Antônio Fernando, médico intensivista, que é responsável técnico da UTI Adulto. “Só quem está fazendo hemodiálise, por exemplo, pode ter a real dimensão desse gesto de doação”.

Desde 2017, ano de fundação da CIHDOTT, a equipe da UTI registrou 29 mortes encefálicas e seis captações múltiplas de órgãos (um percentual de 20%), que beneficiaram até 24 pessoas. Em relação aos 23 óbitos sem o procedimento de captação, 35% foi por falta de autorização familiar e 65% por idade avançada ou comorbidades do paciente.

Referência mundial em doação e transplantes de órgãos e tecidos, o Brasil é o segundo maior transplantador do mundo, atrás somente dos Estados Unidos. De acordo com os dados do Ministério da Saúde, de janeiro a novembro de 2021, foram realizados mais de 12 mil transplantes de órgãos pelo SUS no país.

Mas para quem está na lista de espera, a realidade é uma mistura de ansiedade e esperança pelo dia em que a vida recomeçará. Dados recentes do SNT (Sistema Nacional de Transplantes) mostram que cerca de 34.830 pessoas ainda aguardam na fila por um transplante.

No Brasil, quem deseja ser um doador de órgãos pós morte encefálica, deve comunicar a família sobre essa vontade, pois somente os parentes podem autorizar a doação. “Pela minha experiência, sempre que o paciente declara o desejo de ser um doador, a família respeita essa vontade e a taxa de rejeição acaba sendo menor”, afirmou Dr. Antônio Fernando.

O diálogo é essencial para permitir que cada vez mais pessoas voltem a desfrutar de uma vida confortável. Assim como a educação sobre o tema é fundamental para conscientizar a sociedade de que a morte cerebral é irreversível e de que o país tem um dos mais rígidos programas de diagnóstico de morte encefálica, estabelecido pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) e chancelado pelo Ministério da Saúde. Além disso, os procedimentos ocorrem através de uma cirurgia tradicional e, ao fim do procedimento, o corpo é reconstituído, podendo ser velado normalmente.

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