Pesquisadores da USP-Lorena desenvolvem biodetergente contra larvas da dengue

Criadores buscam apoio financeiro para lançarem produto no mercado; larvas são eliminadas em até 48h

Larvas do mosquito Aedes Aegypti analisadas pela equipe que desenvolveu biodetergente; em destaque, área afetada pela ação do produto (Divulgação)
Larvas do mosquito Aedes Aegypti analisadas pela equipe que desenvolveu biodetergente; em destaque, área afetada pela ação do produto (Divulgação)

Lucas Barbosa
Lorena

Após criarem um biodetergente capaz de reduzir a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, pesquisadores da USP-Lorena (Universidade de São Paulo), buscam investimento privado e governamental para lançarem o produto no mercado. De acordo com as pesquisas, a substância é capaz de desfazer as larvas do inseto do transmissor da dengue, zika vírus e chicungunya.
Iniciada em 2012, a pesquisa desenvolvida pelo doutorando Paulo Franco, e supervisionada pelo professor da USP Silvio Silvério, desenvolveu um biodetergente que utiliza leveduras, microrganismos (fungos unicelulares) semelhantes ao fermento de pão, e o bagaço da cana de açúcar como matéria prima.
De acordo com Silvério, o produto é diferente dos demais no mercado pela forma de produção e suas características físico-químicas e biológicas. “Ele é considerado um produto verde, vindo de encontro com os conceitos de sustentabilidade, não prejudicando o meio ambiente”, explicou o docente. “Acredita-se que atua no Aedes interferindo na composição do sifão respiratório das larvas, dificultando sua troca gasosa, porém, também foi notada a desestruturação das larvas, havendo alguma ação do biodetergente sobre componentes da cutícula (exoesqueleto) das larvas”.
De acordo com os pesquisadores, em contato com a água, o produto reduz a tensão da superfície, o que acaba desestabilizando as larvas o que consequentemente as fazem afundar. Pesquisas também comprovaram que as larvas se desfazem em até 48 horas.
Segundo Silvério, a eficácia do produto é comprovada. A descoberta rendeu ao doutorando a seleção para a final do prêmio Idea to Product, organizado pela Universidade do Texas. “Fomos até a etapa final latino-americana. Por ser um trabalho ainda recente, sem muitos dados industriais e de mercado na época, não conseguimos alcançar a etapa global da competição, porém, a vantagem de participar de uma competição dessa dimensão nos ajudou muito nos próximos passos para o desenvolvimento da pesquisa orientada para o mercado consumidor”.
Investimento – Após a descoberta, os pesquisadores buscam investimento para colocarem o biodetergente no mercado. “Algumas empresas sondaram a pesquisa em 2015, mas devido à crise financeira que o País vem enfrentando, as propostas não foram adiante. Vale ressaltar que estamos à procura de parcerias para o desenvolvimento da pesquisa de forma mais rápida, e sendo assim, teríamos um produto que possa auxiliar a sociedade que vem sofrendo com as moléstias causadas pelo Aedes”.
Silveiro revelou ainda que em breve o produto será apresentado ao Governo Federal, para que ele possa entrar no mercado. “Apenas a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo vem nos ajudando com o financiamento da pesquisa no atual momento. Nos próximos dias estaremos submetendo um projeto de pesquisa para avaliação do Governo Federal, e esperamos que o mesmo nos auxilie financeiramente”.

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