Para inibir Covid-19, Santa Casa de Lorena suspende consultas e atendimento ambulatorial

Hospital registra aumento de 75% na procura de atendimento contra novo coronavírus; leitos de enfermaria ultrapassam 90% de ocupação

Leitos da Santa Casa de Lorena disponibilizados para atendimento a pacientes com Covid-19 (Foto: Marcelo A. dos Santos)

Rafaela Lourenço
Francisco Assis
Lorena 

A Santa Casa de Lorena anunciou que fechou os atendimentos de ambulatório e cirurgias eletivas devido ao aumento dos casos de Covid-19 na cidade. De acordo com a direção do hospital, a procura por atendimento de porta relacionados à doença aumentou em 75%. Não há previsão para retorno.

A medida foi anunciada no mesmo dia em que o governo João Doria decretou que a RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte) segue na fase amarela do Plano São Paulo. Apesar da decisão de não alterar o status na flexibilização das atividades, a região tem cidades que vêm sofrendo aumento dos casos, entre elas Lorena. O município conta hoje com 2038 confirmações de Covid-19, com 240 infecções em uma semana. No último dia 1, o boletim epidemiológico (o primeiro da gestão Sylvio Ballerini-PSDB), apontava 1798 casos confirmados. No mesmo período foram registrados uma morte e um aumento nas internações. Se há sete dias, a Santa Casa tinha 68% de clínica (26 internados) e 60% de ocupação de leitos de UTI (nove pacientes), hoje o hospital tem 90% de ocupação de enfermaria (34 pessoas) e mantém os 60% de ocupação de UTI.

“Houve um aumento substancial nos casos de Covid-19, reflexo das festas de Natal. Ainda estamos esperando os reflexos das festas de fim de ano. Aumentou em 75% nosso atendimento de porta de pacientes de Covid-19”, destacou o superintendente da Santa Casa, Dario Costa.

Costa revelou que os atendimentos ambulatoriais e de cirurgias eletivas são ofertados apenas à população de Lorena. A média mensal de serviços ambulatoriais e de consultas eletivas é 2,5 mil pacientes atendidos. De acordo com o superintendente, para suspender os serviços, a Santa Casa fez contato com todos os pacientes agendados e avisou a secretaria da Saúde que devido ao aumento substancial dos atendimentos dos casos de Covid-19, o trabalho será paralisado. “A demanda de Covid-19 está muito alta no município. Suspendemos por causa do risco. É uma precaução que estamos tendo com os pacientes”, frisou, destacando ainda que não há alto prejuízo com a medida. “Esses tipos de atendimentos ambulatoriais não são de risco. Então esses pacientes podem aguardar até o atendimento se normalizar”.

Com suspensão de serviços, colaboradores são desligados do hospital (Foto: Marcelo A. dos Santos)

Sobre os efeitos da medida, a própria Santa Casa terá cortes financeiros em seu caixa, já que o serviço prestado à cidade significa um investimento médio de R$ 170 mil por mês, valor que não será injetado pela Prefeitura enquanto o atendimento estiver suspenso. “O Município paga por produção. Aquilo que nós atendemos, o Município repassa o valor dos atendimentos. Isso impacta substancialmente, mas neste momento temos que preservar a saúde da população e dos próprios colaboradores”, salientou Dario Costa.

Sobre a equipe de atendimento, o hospital deve remanejar parte dos colaboradores, enquanto outros terão o contrato desligado. A ideia é assegurar a saúde dos próprios contratados. “Dentro da Santa Casa, os funcionários que apresentam sintomas são afastados e seguem o protocolo específico par tratamento da Covid-19. Quando precisa de internação são internados ou então ficam os 15 dias em casa no isolamento domiciliar”.

Hospital de Campanha – Enquanto os serviços eletivos estão suspensos, Prefeitura e Santa Casa projetam a volta do atendimento de campanha no combate ao novo coronavírus. Em conteúdo divulgado pela administração municipal, o secretário de Saúde, Antônio Carlos Fabreti, revelou como está o planejamento para ampliar a estrutura. “O sr. Dario (Costa, superintendente da Santa Casa) já está atrás das pessoas para fazer a montagem das tendas pra gente começar, porque os números (de atendimentos) estão elevados. Vai ficar mais favorável, o espaço vai ser maior”, exaltou Fabreti. “É como esteve lá naquele estacionamento, como foi no início da pandemia. Vamos voltar com ele para dar um melhor atendimento à população”, contou o secretário, se referindo à estrutura montada em 2020, quando parte do estacionamento do hospital recebeu tendas para o atendimento específico de pacientes da doença, que alcançou a marca das duzentas mil vítimas fatais em todo país.

Em Lorena, a elevação dos casos também preocupa. “O número é inesperado. Isso mostra que o vírus é importado. As pessoas viajaram, participaram de festas e com isso trouxe para a nossa cidade esse vírus indesejável”, avaliou Fabreti, que explicou que o hospital de campanha terá entrada pela porta do PA Covid. “Facilita mais o trabalho da enfermagem, dos médicos e os pacientes ficam melhor acomodados”.

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