Paciente acusa Santa Casa de Lorena por negligência médica

Médicos cancelam cirurgia da jovem três vezes; operação teve que ser realizada em São José dos Campos

O Ambulatório da Santa Casa de Lorena, que foi acusado por paciente de negligência em atendimento; hospital abriu sindicância interna (Foto: Arquivo Atos)
O Ambulatório da Santa Casa, que foi acusado de negligência médica; hospital abriu sindicância interna (Foto: Arquivo Atos)

Rafaela Lourenço
Lorena

A Santa Casa de Misericórdia de Lorena voltou a ser alvo de reclamações. Uma jovem de Guaratinguetá acusa o hospital de negligência médica após sua cirurgia de retirada da vesícula ser desmarcada três vezes.

O hospital negou o procedimento irregular e afirmou que abrirá uma sindicância para apurar o caso.

A estudante de 25 anos, Jamile Nobrega, começou a passar mal no início do mês. Ela foi quatro vezes à Santa Casa de Guará, foi medicada e voltou para casa. Como não conseguia um atendimento especializado, buscou os serviços da Santa Casa de Lorena.

Apesar de chegar ao município vizinho com a esperança de soluções, seu caso apenas piorou. Jamile deu entrada no Pronto Atendimento no último dia 6, quando recebeu antibióticos antes de ser mandada de volta para casa.

Já na terça-feira, dia 9, a estudante voltou ao hospital, passou por outro médico, fez exames e novamente foi orientada a voltar para casa, inclusive a procurar um gastroenterologista, pois não era caso de cirurgia.

Três dias depois, Jamile agendou uma consulta em uma clínica particular. Ao chegar ao consultório, o médico que a atendeu era o mesmo em que ela havia passado na Santa Casa. De acordo com a paciente, ele a orientou a ir para o hospital e passar por uma cirurgia pois sua vesícula estava inflamada. Chegando ao hospital, passou a informação sobre a urgência de sua cirurgia. “A médica de plantão me encaminhou para o cirurgião, e ele disse que ia me internar para me operar no dia seguinte”, contou a jovem, que fez o jejum. “Mas no sábado, o médico disse que ele tinha uma cirurgia maior para fazer, e que após às 18h era horário de baleado chegar no hospital”. Jamile foi remarcada para o domingo.

No dia seguinte, a história se repetiu. Ela teve o atendimento desmarcado novamente. “Ele chegou no quarto e disse que não ia dar para me operar, porque estava sozinho no Pronto Socorro. A enfermeira confirmou que ele sempre fica, então quis dizer que poderiam ter casos mais importantes. E não me operou, mesmo sendo caso de urgência”.

No mesmo dia, a paciente e sua mãe, entraram em contato com o plano Santa Casa Saúde São José dos Campos e conseguiram uma transferência para o município, mas a Santa Casa de Lorena propôs que ela ficasse para ser operada na terça-feira seguinte. A jovem preferiu esperar, retornou na terça-feira, mas ao chegar no hospital recebeu a informação de que não seria operada porque o arco cirúrgico estava quebrado há mais de uma semana. “Fiquei porque me deram a certeza de que eu seria operada terça, e como é mais perto da minha casa, achei melhor. Mas aí cheguei e foi essa palhaçada toda. Já era para eu estar em casa, em recuperação. Cada hora é uma desculpa e nem me passaram um prazo para arrumar esse equipamento”, lamentou Jamile, que foi transferida para São José e operada no último dia 19.

Ela recebeu alta médica apenas na última quarta-feira, pois teve complicações devido à demora, e precisou drenar toda a inflamação.
Questionada pela reportagem do Jornal Atos, a Santa Casa de Lorena alegou em nota que a paciente deu entrada no hospital no último dia 12, passou por exames clínicos de praxe, foi tratada e medicada. “Após a avaliação da equipe cirúrgica, optou-se pela internação hospitalar para tratamento clínico, e possível realização de cirurgia eletiva, onde não há risco de morte”.

Sobre os cancelamentos da cirurgia, a entidade afirmou que “…devido o crescente aumento de pacientes em busca de tratamento médico vindos de outras cidades da região, com casos de urgência e emergência nos finais de semana, os casos com gravidade menor passam a aguardar o agendamento, seguindo as recomendações sobre a Política de Humanização do Sistema Único de Saúde (trecho da nota)”.

Quanto ao arco-cirúrgico, o aparelho está em manutenção e os pacientes que precisarem do equipamento serão transferidos para outras unidades da região. A previsão do conserto se encerrou na última quinta-feira.

A Santa Casa afirmou ainda que foi aberta uma sindicância interna para investigar as informações equivocadas a respeito dos aparelhos necessários para a realização da cirurgia, passadas de modo informal a paciente.

Em gestão compartilhada com a entidade, a Prefeitura de Lorena também foi procurada pela reportagem e destacou que não responde pelo atendimento particular do hospital, mas apenas pelo serviço da rede SUS (Sistema Único de Saúde).

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