Jovem lorenense organiza concerto para salvar órgão histórico da Catedral

Trabalho conta com apoio de musicista norte-americana para recuperar instrumento doado pela Baronesa de Santa Eulália; peças de dois séculos estão apodrecidas

Elisabeth Almeida
Lorena

A Catedral Nossa Senhora da Piedade recebe um concerto nesta quinta-feira (09), em Lorena, em prol da restauração de um dos instrumentos mais raros no país. A apresentação, organizada pela jovem organista Luciana Lemes, será realizada às 19h com a participação da orquestra e coral do Santuário Nacional de Aparecida e organista norte-americana Shelly Moorman Stahlman, além do tenor Aquillis Skupien e o trompetista João Fontes Neto.

Shelly acumula diversos prêmios em sua carreira, como o Prêmio do Público na Spivey International Competition, foi semifinalista na St. Albans International Organ Competition na Inglaterra e finalista na Arthur Poister Competition, além de atuar como solista em grandes eventos em Washington, Nova York e Filadélfia.

A musicista aceitou o convite após se sensibilizar com a história de sua aluna, Luciana, que busca fundos para restauração do órgão. A brasileira contou a passagem à organista, que decidiu participar do projeto.

O instrumento é um órgão Cavaillé-Coll, um dos treze desembarcados no Brasil no século 19, como doação da Baronesa de Santa Eulália, irmã do Conde de Moreira Lima, para a Catedral de Lorena em 1889. Apenas outros quatro estão espalhados pelo Brasil, em Curitiba, São Paulo, Belém e Campinas. “Ele foi criado pelo organeiro Aristide Cavaillé-Coll e se trata de um instrumento muito raro, já que apenas quinhentas unidades foram produzidas em todo o mundo”, explicou Luciana.

Em 2014, quando teve início o projeto de restauração, a organista havia contado, em matéria do Jornal Atos, que desde a vinda do instrumento, ele nunca teria passado por uma restauração, apenas por pequenos reparos. “Remendamos um fio no outro, com fita adesiva. Não temos estudos para essa parte de cuidados do órgão, então tiramos o pó para não deixar acumular e vamos fuçando. Quando o fole, que é o principal para a gente, estourava, abrimos o órgão, pegamos a fita adesiva, mais resistente e colamos aquilo ali”.

Os organizadores têm como meta encontrar parcerias para ajudar em campanhas para arrecadação de verba, devido a situação que se encontra o raro instrumento. “Para ser muito sincera, a situação do órgão é precária, com foles apodrecidos, muitos rubos roubados, madeira com cupim e alguns registros desafinados. Creio que por ser um órgão histórico, a restauração precisa ser realizada por uma firma profissional, onde o preço varia entre R$ 400 mil e R$ 500 mil, pela raridade”.