Briga por perímetro urbano abre confronto político entre Canas e Lorena

Mudança de placa de divisa entre cidades causa polêmica entre Prefeituras, lorenenses aguardam resposta

Perimetro Urbano Canas Lorena (56)
Placa que teve local alterado, expandindo a área urbana de Canas; identificação errou nome de rio (Foto: Francisco Assis)

Francisco Assis
Região

Uma antiga discussão voltou à tona nesta semana, após a transferência da placa que mostra a divisa entre as cidades de Canas e Lorena. Os municípios discutem em qual trecho ficaria o limite do perímetro urbano em debate que deve seguir na justiça.

No último dia 2, durante sessão na Câmara, o vereador João Marton (PSB) colocou em pauta o problema da delimitação, que segundo ele estaria errada.

A polêmica foi iniciada em 1997, apenas quatro anos após a emancipação de Canas, quando o IGC (Instituto Geográfico e Cartográfico) realizou um estudo de revisão da divisa da cidade com Lorena, estabelecida pelo órgão em 1993. O levantamento concluiu que devido a problemas cartográficos, o território estabelecido em lei não correspondia fielmente ao terreno total do distrito de Canas.

O erro levou ao debate para a elaboração de uma nova lei que corrigiria a descrição da divisa. Em 2013, Canas encaminhou um ofício à Assembleia Legislativa, pedindo reavaliação à Comissão de Assuntos Metropolitanos.

No mesmo ano, um projeto do ex-prefeito Rinaldo Zanin, o Naldinho (PDT), foi rejeitado pela Câmara da cidade. A proposta pedia a alteração da delimitação do perímetro urbano do município. Os parlamentares afirmaram que além de irregular, o ato poderia causar grande mal estar jurídico e financeiro com Lorena.

Mas a preocupação não impediu que dois anos depois, Marton retomasse o tema, cobrando ainda o posicionamento favorável dos vereadores da cidade, que, segundo ele, estariam passivos em relação à discussão.

Na mesma semana, o local da placa que indica a divisa entre as cidades foi alterado. Ela foi colocada às margens do rio Quatinga, na região do Horto Florestal, apesar do erro na placa que o identifica como rio Tijuco Preto, rio que passa próximo ao restaurante Espelho D’Água, na entrada de Canas.

A alteração afeta áreas rurais e empreendimentos, como o cemitério Parque Memorial de Lorena, que passaria à área de Canas.

Na Câmara, Marton chegou a dizer que a cidade demorou para mudar a placa de local. “Colocaram a placa no lugar de onde nunca deveria ter saído. Falei com o prefeito (Lucemir do Amaral) para defender a cidade, o que não foi feito na gestão passada, por omissão ou interesse”.

O parlamentar não mostrou preocupação com possíveis problemas com a cidade vizinha, após a alteração do local da placa. “Se Lorena se achar prejudicada, que ‘corra atrás’ (sic)”.

A medida pegou a Prefeitura de Lorena de surpresa. A secretária de Negócios Jurídicos, Renata Thebas, contou que o caso ainda seria debatido, com a criação de um grupo de estudos, formados por técnicos das duas cidades.

De acordo com a secretária, os poderes Executivo e Legislativo de Lorena e Canas receberam um ofício para que o problema seja discutido e solucionado “em conjunto”. “Essa é uma questão técnica, que inclui o trabalho de engenharia, tributos, afetando área rural e empreendimentos. Chamamos a Prefeitura de Canas para compor esse trabalho e aguardamos resposta”.

A tarefa de Renata será ainda mais complicada após a mudança do local da placa. Ela contou que ainda não havia sido informada da medida de Canas. “Esperamos agora essa resposta, em curto prazo, pois com essa medida tomada por Canas, acredito que teremos que acionar a Justiça”.

A reportagem do Jornal Atos procurou o prefeito Lucemir do Amaral (PSDB) por diversas vezes, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

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