RMVale segue tendência e MEIs crescem na crise

Levantamento revela que 98% das empresas no País são pequenos negócios; estatísticas apontam 130 mil cadastros na região

Ação do Sebrae em parceria com a Acial capacita trabalhadores autônomos que já possuem MEI (Foto: Bruna Castro)

Bruna Castro
Região

O comércio de vestuário, estética e obras de alvenaria estão entre as principais áreas escolhidas para quem quer começar a empreender no Vale do Paraíba. Os MEI’s (Microempreendedores Individuais) tornaram-se uma maneira de driblar a ainda preocupante onda de desemprego que domina o País desde 2013.

Só no estado de São Paulo foram realizados cerca de dois milhões de novos registros, segundo o Portal do Empreendedor. Na Região Metropolitana do Vale Paraíba o número chega a 130.830 empreendimentos.

O cadastro para microempresários individuais possibilita ao trabalhador autônomo e dono do próprio negócio benefícios como pessoa jurídica, como a criação de CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica), emissão de nota fiscal e facilidades em empréstimos e transações bancárias.

O analista de negócios sênior do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Felipe Farrapo, destacou como um dos motivos para o aumento as características das novas gerações, que não buscam apenas estabilidade, mas também realização, satisfação pessoal e capacitação. “A geração jovem, hoje em dia, está querendo desenvolver as empresas deles. Não querem trabalhar em uma empresa para construir os sonhos de outras pessoas, eles querem construir os sonhos deles e a única forma de você fazer isso é através do empreendedorismo”.

Farrapo mencionou que o desemprego é um fator determinante para o aumento dos MEIs, e que a abertura do próprio negócio se tornou uma necessidade para quem não consegue uma oportunidade no mercado de trabalho.

Segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados pelo Ministério do Trabalho, o segundo semestre de 2019 foi fechado com saldo positivo em relação a geração de novos postos de trabalho. De acordo com a pesquisa, aproximadamente 900 mil empregos foram formalizados até o fim de novembro.

Os principais setores que não obtiveram saldo acima do esperado estão relacionados à agropecuária, extrativa mineral, construção civil, transformação e administração pública, enquanto as áreas com maior destaque são os setores do comércio varejista, serviços públicos e serviços industriais de utilidade pública.

Mesmo com o aumento significativo na abertura de vagas, as taxas de desocupação ainda preocupam. No Brasil, 11,9 milhões não possuem emprego, segundo índices divulgados pelo Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).

Para superar essa situação, milhares de brasileiros optam por abrir seu próprio negócio e conseguir uma renda extra. É o caso de Elias Espindola, 22 anos, que após se desligar da empresa para qual trabalhava, resolveu arriscar e se tornar microempreendedor. “Eu atuava na área de recauchutagem de pneu agrícola e terraplanagem, e foi aonde surgiu a ideia de montar uma borracharia voltada para a área. Trabalhei dois anos lá e sempre tive aquela vontade de abrir o próprio negócio e buscar alguma coisa diferente”.

Espindola, que se formou em administração, contou que não pretende parar. “A meta é cada vez evoluir mais. O planejamento é o crescimento de 20% ao mês e eu estou conseguindo superar isso. Futuramente, daqui uns dois anos, quero mudar de categoria e deixar de ser só borracharia”, projetou.

Casos como o de Elias se espalharam pelo Brasil. A expectativa é de que a modalidade aumente cada vez na RMVale.

Ainda segundo as informações levantadas pelo Portal do Empreendedor, as cidades de Cruzeiro, Guaratinguetá, Lorena e Pindamonhangaba somam juntas 22.673 microempresas individuais. Pinda é destaque, com 7.452 registros, enquanto os municípios com menor número de habitantes, como Canas, Lavrinhas e Silveiras, totalizaram 792 MEI’s.

Para se tornar microempreendedor é necessário ter faturamento de R$ 81 mil por ano ou R$ 6.750 mensais, ter até um funcionário contratado com salário mínimo ou o piso referente à sua área de atuação, além de não ser sócio ou titular de outra empresa. Essas e outras informações podem ser acessadas no portal sebrae.com.br. O cadastro do MEI pode ser realizado pelo site do Portal do Empreendedor (portaldoempreendedor.gov.br) ou em uma unidade do Sebrae. Na região, Guaratinguetá conta com um escritório do serviço, no Pedregulho. Outros municípios, como Lorena e Pindamonhangaba, possuem unidade do “Sebrae Aqui”, com serviços básicos de atendimento.

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