Guará retrocede e cai para a última divisão

Time chega ao terceiro rebaixamento em três anos; expectativa para Série C é ainda mais negativa

Disputa de bola na partida contra o São José no Martins Pereira; derrota foi fundamental para o rebaixamento (Leandro Oliveira)
Disputa de bola na partida contra o São José no Martins Pereira; derrota foi fundamental para o rebaixamento (Leandro Oliveira)

Leandro Oliveira
Guaratinguetá

Após 16 anos, o Guaratinguetá está de volta à última divisão do Campeonato Paulista. O rebaixamento para a Série B, equivalente ao quarto nível, foi confirmado mesmo com a vitória diante do Fernandópolis, também rebaixado. Com duas vitórias a menos que os rivais, a Garça só tem mais uma rodada pela frente e as chances de escapar do terceiro descenso em três anos foram aniquiladas.
Com um elenco formado por jovens atletas que sonham em crescer na carreira, o Guará sofreu muitas oscilações durante a campanha. Com apenas quatro vitórias e sete empates nos 18 jogos realizados, a Garça somou apenas 19 pontos. Em 17ª na classificação, o time até roubou pontos dos líderes Flamengo de Guarulhos e Atibaia, mas foi goleado por Comercial, São Carlos e Sertãozinho e não se estabilizou durante a primeira fase.
Nos jogos considerados de seis pontos, contra os adversários diretos na luta contra a queda, a Garça não se saiu bem. Na 16ª rodada, em Bauru, o time poderia ter se livrado da zona de rebaixamento se vencesse o Noroeste. Mas o Norusca buscou o empate e escapou da última visão.
Na rodada seguinte, no clássico diante do São José, derrota de virada por 2 a 1. De quebra, o time teve um tabu de nove anos sem perder para os joseenses encerrado, se afundou no Z-6 e viu o rival respirar um pouco mais aliviado.
Em campo, um time disperso. Sem a bola nos pés, o Guaratinguetá se afobava na marcação. Faltas desnecessárias eram cometidas. A zaga sempre dava espaço para infiltrações pelas laterais ou cruzamentos. E o goleiro, Flaysmar, sofria com as investidas dos ataques rivais. Quando tinha a posse de bola, o Guará partia em velocidade. Poucos passes eram trocados e os jogadores tentavam resolver as jogadas sozinhos.
Aliado aos problemas técnicos do grupo, outro fator pesou para o clube neste ano. Sem acordo com a Prefeitura de Guaratinguetá e alegando perseguição política por parte do prefeito Francisco Carlos Moreira (PSDB), o diretor e técnico da Garça, João Telê, deixou claro que não jogaria na cidade. E assim fez. O time não coloca os pés na sua terra natal desde setembro do ano passado. “O prefeito não quer que o time jogue em Guará”, contou Telê.
Prestes a iniciar a montagem do elenco que disputará a Série C do Campeonato Brasileiro, o Guaratinguetá espera lutar contra as duas vagas da zona de rebaixamento. A salvação poderia estar numa possível parceria com outro clube, mas, o Atlético Paranaense já rompeu os vínculos com a Garça e Telê disse que o time não terá outro parceiro. “Queríamos o Atlético. No Brasil, só o Atlético. Não temos nada com outra equipe”.
Longe de casa, sem o apoio do torcedor, que com o passar dos anos e o acúmulo de insucessos acabou se afastando do clube, sem um grande investidor ou patrocinador e abdicado de uma equipe parceira, a história do Guaratinguetá mudou radicalmente. Quatro anos atrás, o clube disputava a elite do futebol paulista e a segunda divisão nacional. Pagava os funcionários em dia e tentava resgatar os vínculos com os guaratinguetaenses, rompidos na mudança para Americana em 2010.
Hoje, o que resta do antigo Tricolor do Vale é apenas o nome e as cores da camiseta. Há 16 anos, o Guaratinguetá dava seus primeiros passos no cenário profissional do futebol. Agora, o time luta para não dar os últimos.

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