Departamento Regional de Saúde detalha imbróglio com Hospital Frei Galvão
Maristela Siqueira nega que DRS pediu descredenciamento do hospital, e desconhece dívida de R$ 38 milhões
Leandro Oliveira
Guaratinguetá
Dando continuidade à uma série de sabatinas para discutir a saúde pública de Guaratinguetá, a diretora do Departamento Regional de Saúde, Maristela Siqueira, foi recebida na Câmara, na última terça-feira. Ela respondeu perguntas dos vereadores por duas horas e meia e rebateu as afirmações do diretor do Hospital Frei Galvão, Gilberto Nering, negando que o Estado pediu o descredenciamento do hospital.
Maristela também negou que o governo estadual tenha qualquer dívida com o Frei Galvão, conforme contou Nering, na sessão do último dia 9. Segundo o diretor do hospital, existe uma pendencia de R$38 milhões. “A gente deixou claro que não conhece essa dívida com o Hospital Frei Galvão. Para explicar isso tudo, só o secretário de Saúde de Guaratinguetá (Edison Riccomi)”, respondeu a chefe do Departamento.
Ela afirmou que o governo não mantém convênio ou contratos com o Frei Galvão, mas que existe um valor que foi deixado consignado, em R$ 2 milhões. O montante está sub judice e precisa de definição quanto ao pagamento.
Os atendimentos da área cardiológica já foram transferidos para o Hospital Regional de Taubaté. Já os de hemodiálise e oncologia seguem sendo realizados em Guaratinguetá. “O diretor do Frei Galvão nos oficializou isso. Os serviços serão mantidos até que ele tenha condição financeira de o fazer. A cardiologia já foi desabilitada e está sendo atendida pelo Regional”, contou.
O Frei Galvão atende pacientes de 17 cidades da região. O hospital funcionava como opção e suporte para desafogar a demanda do Regional de Taubaté.
Questionada se há uma previsão do retorno desse tipo de atendimento para Guaratinguetá, Maristela respondeu que a expectativa é de que outra proposta seja adequada a necessidade da rede. “A proposta de levar esse serviço para o Regional é, exatamente, para que no momento, algum instrumento de saúde da região, pode até mesmo ser o próprio Frei Galvão, se adeque para receber, e a gente possa devolver. Como esse dinheiro está com o Estado, isso fica mais fácil. Afinal, não envolve outras cidades, e o governo não se furtará em devolver o recurso quando necessário”.
Leitura – Os vereadores receberam da DRS um arquivo com os andamentos do processo que tratavam da parceria entre o Estado e o hospital. Entre os trechos lidos na tribuna, o apontamento da falta de contrato firmado com o hospital e a negativa de Nering quanto à sequência do atendimento de cardiologia e demais serviços de alta complexidade.
Durante a sabatina, o vereador João Pita Canettieri (PSB) não escondeu o descontentamento com a situação. “A gente fica descrente das coisas. Ele (Nering) veio aqui, com todas as letras, e fala que em nenhum momento fez isso”.
Na tribuna…
Uma semana depois da passagem do diretor do Frei Galvão pela Câmara de Guaratinguetá, a diretora da DRS rebateu na tribuna os pontos colocados, como o pedido para o descredenciamento de atendimentos de cardiologia. Ela garantiu que não há dívidas do Estado com o hospital.
Dia 9
“Isso é uma inverdade, já que só peço que credenciem. Nós dissemos sim, que se fosse para levar embora a cardiologia, poderiam levar também o resto dos serviços. Apenas isso. Compete ao Estado querer ou não descredenciar”.
Gilberto Nering, ao ser questionado pelos vereadores se havia enviado um pedido à DRS para desabilitar os serviços.
Dia 17
“A gente deixou em posse da Câmara Municipal todas as notificações feitas à Secretaria do Estado de Saúde, desde o primeiro dia até o último, esclarecendo que não foi o Estado ou a DRS que pediu o descredenciamento”.
Maristela Siqueira, diretora da DRS, ao negar que o Departamento tivesse pedido a desabilitação do Frei Galvão. “Até a presente data, a informação é de que o Hospital não possui a CND. Os recursos repassados para o Hospital Frei Galvão são encaminhados pelo município. Até agora, o Estado não tem convênio com o Frei Galvão”.