Prefeito quer fim da intervenção na Santa Casa em seis meses

Dívidas de repasses são renegociadas; administração deve voltar para a irmandade e Prefeitura fica somente com Pronto Socorro

A Santa Casa de Cruzeiro, foco da crise no atendimento da saúde; prefeito quer fim de intervenção em seis meses (Foto: Arquivo Atos)
A Santa Casa de Cruzeiro, foco da crise no atendimento da saúde; prefeito quer fim de intervenção em seis meses (Foto: Arquivo Atos)

Maria Fernanda Rezende
Cruzeiro

Entre os inúmeros problemas de Cruzeiro, a saúde foi a área que mais sofreu no último ano. A Santa Casa passou por paralisações no atendimento e ainda enfrenta crise nas finanças. O prefeito Thales Gabriel Fonseca (SD) prevê o fim da intervenção para no máximo seis meses. Para ele, a medida trará autonomia financeira à entidade.

O prefeito estipulou um prazo máximo de seis meses para o fim da intervenção. Ele pretende trabalhar nesse período com um planejamento financeiro, identificando as dívidas da Prefeitura com a entidade e fazendo o parcelamento do pagamento. Além do recurso que será enviado mensalmente para manutenção do Pronto Socorro que continuará funcionando no local.

Atualmente, a unidade hospitalar continua recebendo pacientes de outras cidades e com isso, recebendo também os repasses estaduais e federais por ser um polo microrregional.

Para Thales Gabriel, foi fundamental a nomeação da secretária de Saúde, Ana Inês Costa, no último mandato durante a transição de governo com Rafic Simão (PMDB). “Conseguimos fazer minimamente a manutenção da Santa Casa e resgatar parte da credibilidade do governo municipal para com a classe médica”, afirmou.

O prefeito mantém diálogo com a Diocese de Lorena desde que foi eleito no ano passado e garantiu que a decisão de tornar o hospital o mais independente financeiramente é de interesse das duas partes. Segundo ele, enquanto a irmandade terá mais liberdade de gestão, a Prefeitura poderá focar seus empenhos nas Unidades Básicas de Saúde, Postos de Saúde e o próprio Pronto Socorro.

Além do atendimento ao SUS, que mantém a característica filantrópica da entidade, o chefe do Executivo afirmou que há também um diálogo com empresas para iniciativas privadas. “O hospital pode vender serviços. Temos uma estrutura física incrível e é uma referência de logística para os municípios menores. É um produto bom de vender, mas precisa de credibilidade e fôlego financeiro”.

Questionado sobre um possível impasse no futuro que não permita que a Santa Casa ande com as próprias pernas, Thales enfatizou que “nenhuma decisão é tão dura que não possa ser mudada em decorrência de um fato novo, mas por hora é uma decisão bem avançada, já para ser concretizada”.

Transporte de pacientes – Outra dificuldade encontrada pelos pacientes da rede municipal de saúde é o transporte para consultas e tratamentos em outras cidades. No mandato passado, uma empresa contratada prestava esse serviço, que também foi paralisado diversas vezes por falta de pagamento.

Pacientes aguardam atendimento no Ponto Socorro da Santa Casa (Foto: Arquivo Atos)
Pacientes aguardam atendimento no Ponto Socorro da Santa Casa (Foto: Arquivo Atos)

A Prefeitura detém de uma frota destinada à saúde, mas segundo o prefeito, se encontra totalmente sucateada. Os carros estão sendo trazidos um a um de Guaratinguetá, onde se estavam parados devido a um contrato não renovado com a empresa que faria a restauração. Por conta própria, a Prefeitura tem tentado, aos poucos, recuperar a frota. Ainda não há previsão de normalização do serviço.

A intervenção – Em outubro de 2015, com Rafic Simão (PMDB) na chefia da Prefeitura, foi dado início à intervenção da Santa Casa. À época, a irmandade pediu ajuda com a administração do hospital. No ano seguinte, a situação financeira saiu do controle, afetando diretamente o atendimento.

Em junho do ano passado, a Prefeitura somava uma dívida de R$ 3 milhões de repasses não feitos à Santa Casa e ultrapassava R$ 20 milhões em pendências. Em decorrência disso, a entidade passou a atrasar o repasse de cestas básicas, salário de médicos e outros funcionários. Houve até mesmo corte na alimentação de quem trabalhava no local.

A população passou o último ano sem a certeza de quando poderia contar com o serviço do Pronto Socorro e Santa Casa. As diversas paralisações no atendimento deixaram as portas do hospital fechadas e causaram acúmulo de demanda nas cidades vizinhas.

Na última greve dos médicos, após a eleição de Thales Gabriel em outubro, uma reunião de emergência na entidade renegociou o pagamento dos profissionais.

Se o serviço fosse mais uma vez interrompido, corria o risco de perder a referência do Vale Histórico e algumas cidades do Sul Minas, o que diminuiria o repasse de verbas.

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