Intervenção continua na Santa Casa de Cruzeiro
Em sessão extraordinária, vereadores aprovam prorrogação de contrato com entidade e Prefeitura continua à frente do hospital
Rafael Rodrigues
Cruzeiro
A Prefeitura de Cruzeiro continuará à frente da Santa Casa de Misericórdia em 2018, contrariando o recente anúncio do prefeito Thales Gabriel Fonseca (SD) de que a intervenção do hospital encerraria no final de 2017.
A manutenção da intervenção, projeto do Executivo, foi votada na última terça-feira, em sessão extraordinária da Câmara.
Os vereadores, todos da base aliada do prefeito, votaram favoravelmente ao projeto.
Foram oito votos para manter a Prefeitura à frente da Santa Casa. Paulo Vieira (PR) e Maria Divina (PV) não estavam presentes.
Até a semana da votação, a expectativa era que a atual administração entregasse o hospital para Irmandade, pertencente à Diocese de Lorena, que ao longo dos anos foi a responsável pelo gerenciamento.
Em entrevista ao Jornal Atos, no inicio de dezembro, o prefeito havia mencionado que a intervenção na Santa Casa seria encerrada até o final do mês. Após quase um ano de mandato, a expectativa para 2018 é de que a gestão seja compartilhada entre Executivo e Irmandade.
Mas contrariando a própria declaração, Fonseca disse após a prorrogação da intervenção que a medida foi tomada para evitar um colapso financeiro do hospital no início do ano. “Estamos preocupados com as festas de fim de ano, e se não tivéssemos prorrogado a intervenção, correríamos o risco de arcar com todas as contas da Santa Casa, o que dificultaria não só o pagamento de colaboradores e médicos, mas também a compra de insumos e serviços necessários”.
O prefeito disse ainda que a decisão foi tomada porque a própria Irmandade não se organizou estruturalmente para assumir o hospital. “Decidimos prorrogar a intervenção com a autorização dos vereadores, em sessão extraordinária, porque não foi possível uma eleição da mesa diretora da irmandade, que seria um ponto importante para eles reassumirem o hospital”.
A intervenção da Santa Casa de Cruzeiro completou três anos em agosto. A decisão foi tomada em 2014, quando o então prefeito Rafic Simão (PMDB), que ocupava o lugar da afastada Ana Karin (PRB), implantou a intervenção municipal no atendimento.
Após uma série de paralisações, crise financeira e previsões não cumpridas de desintervenção, 2017 se encerra com um balanço estabilizado, segundo o chefe do Executivo. “Iniciamos o mandato com a intervenção na Santa Casa, e a nossa intenção era que durante os 12 meses do primeiro ano nós fizéssemos a desintervenção. E assim está sendo feito”.
Para Fonseca, o ano foi um período para recuperar a credibilidade junto à população. A cidade voltou a atender os municípios do Vale Histórico e não registrou as recorrentes paralisações de médicos e servidores durante todo o primeiro ano de mandato.
“A Saúde é um ‘calcanhar de Aquiles’ para qualquer governo, e Cruzeiro não é diferente. Mas estamos tentando manter tanto a folha dos colaboradores do hospital em dia quanto a parte médica. A Santa Casa é a primeira porta para as cidades do Vale Histórico, e estamos atendendo” frisou.
A Santa Casa tem hoje uma dívida que gira em torno R$30 milhões. Já a dívida do Município com o hospital é de aproximadamente R$ 5 milhões, acumulada, segundo o prefeito, durante o governo Ana Karin.
“A gente manteve o convênio em dia neste ano, diferente da gestão anterior. Ao final da intervenção, vamos propor um parcelamento para custear mensalmente essa dívida frente ao hospital. Então a gente sai do hospital já com uma previsão de pagamento da dívida do passado”.