Em Cruzeiro, hospital definha e atendimento pode parar

Em meio à crise das Santas Casas, situação é apontada como uma das mais polêmicas; repasses atrasados e dívida de R$ 21 milhões

CPI Santa Casa (9)
Superintendente da Santa Casa, Dr. Orlando Farias, explica ao vereador Marciano os risco que a cidade corre (Foto: Leandro Oliveira)

Francisco Assis
Leandro Oliveira
Cruzeiro

Foco das investigações da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), a crise das Santas Casas tem em Cruzeiro seu ponto mais polêmico. Em meio à guerra política, a entidade aproveitou a sessão para revelar que o hospital vem definhando, com cofres zerados e promessas não cumpridas.

A cidade foi a mais representada na sessão em Guará. O provedor do hospital, José Ponciano e o gestor Orlando Freire Faria; o prefeito Rafic Simão (PMDB) e cinco vereadores, Diego Miranda (PSDB), Antônio Carlos Marciano (PTB), Sergio Antônio dos Santos (PDT) e Carlos Alberto Ribeiro (PR). Todos pediram um espaço para falar à CPI.

Aos deputados, Ponciano voltou a apontar os problemas do hospital, que acumula uma dívida em cerca de R$ 21 milhões. “A situação é crônica. Não tem solução do jeito que está”, frisou o provedor, que lembrou até mesmo das demissões na Maxion. “A empresa demitiu e essas pessoas passam a usar SUS (Sistema Único de Saúde) e isso reflete na Santa Casa, porque, infelizmente, o atendimento SUS é deficitário”, argumentou.

De acordo com a entidade, o hospital não recebe verba do Pró-Santa Casa 2 há quatro meses, em dívidas que chegou a R$400 mil. A verba custeia o atendimento na UTI.

Além do Estado, o repasse da Prefeitura também tem atraso, que levou à paralisação do Pronto Socorro, greve de médicos (estão com salários atrasados há dois meses) e a possível interrupção de outros setores, como a maternidade.

O novo superintendente da Santa Casa contou que após assumir o cargo no último dia 11, encontrou o hospital em decadência. “Encontrei uma situação de calamidade. O hospital praticamente paralisado, o serviço de emergência já há dois meses sem repasses, os funcionários já tem atrasos em parte do pagamento. Com isso tudo estamos buscando condições e ajuda para saber de que forma podemos continuar sobrevivendo”.

Crítico à administração, o vereador Antônio Carlos Marciano acusou a direção de Ponciano de má gestão e mostrou reclamações de pacientes pela falta de atendimento no último final de semana. “A gestão gera prejuízo. Há atrasos sim, mas a direção da Santa Casa peca. A irresponsabilidade passou do limite”, atacou.

Orlando Freire, que também atende como ginecologista no hospital, confirmou que o atendimento no último fim de semana ficou sem cirurgião, clínico e pediatra. “Nos esforçamos para manter o médico de plantão e corremos o risco de perder a referência para algumas especialidades como pediatria e maternidade. Mas a Santa Casa está se organizando, em meio aos problemas de hoje. O município tem que regularizar esses R$ 1,4 milhão, fora a verba retida no Estado por causa de uma prestação de contas inadequada (a gestão anterior é investigada após acusação de desvio de verba de R$400 mil)”, cobrou o superintendente.

O prefeito garantiu que o atraso foi motivado pela baixa nos repasses e a quebra do cofre municipal. “Saúde para Cruzeiro é prioridade. Tanto é que gastamos hoje 30% do orçamento no atendimento, o dobro que a lei pede. Mas o problema é que não temos mais dinheiro. Fazemos a parte do Estado e da União”, criticou Rafic.

De acordo com o chefe do Executivo, a queda na arrecadação impede maior investimento no hospital. “A Prefeitura também sofre há trinta anos, com verbas mal gastas e pagamentos não feitos. Por isso, o pouco que vai pra Santa Casa é ineficiente. Com essa crise, o repasse caiu 30%, R$ 2 milhões perdidos só neste mês”.

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