Cruzeiro traça metas para ampliar assistência social

Condições de vida de moradores de rua é um dos problemas enfrentados na cidade; Conferência cria planejamento para atrair apoio

Em total estado de carência, morador de rua busca abrigo na marquise de lanchonete para fugir do relento (Foto: Francisco Assis)
Em total estado de carência, morador de rua busca abrigo na marquise de lanchonete para fugir do relento (Foto: Francisco Assis)

Francisco Assis
Cruzeiro

A Assistência Social de Cruzeiro realizou nesta semana a décima edição da Conferência Municipal, que debateu os problemas da cidade e elegeu delegados que participaram da fase estadual do projeto. Mas em meio aos planejamentos, uma certeza: a dificuldade em atender famílias e pessoas que enfrentam as dificuldades da rua.
Enquanto trabalhadores, patrões e consumidores passam pelas ruas do centro de Cruzeiro, uma pequena pausa é o bastante para observar outro mundo, de quem sonha em ter um trabalho, em se sustentar e até mesmo em se livrar da dependência das drogas, fuga de boa parte destas pessoas, que convivem com uma realidade presente em todo País.

Não é difícil se deparar ou ser abordado por um morador de rua nas regiões mais movimentadas, como a praça 9 de Julho.

Um cobertor velho esconde o corpo sujo e esquecido de jovens como Olímpio, de 20 anos, que deixou o Rio de Janeiro em busca de trabalho, mas após um ano na cidade, não conseguiu dinheiro, nem emprego.
Deitado em um dos quiosques da praça, Olímpio toma seu café, na manhã de quarta-feira, que ganhou após ajudar na limpeza de uma lanchonete, enquanto observa quem passa rápido pela calçada. Se alguém o olha, sua primeira reação é pedir uma moeda, a única ajuda que lhe vem à cabeça.

Mas Olímpio queria mesmo é trabalhar. “Eu vim do Rio, onde as coisas estavam ruins, e queria um emprego aqui. Sou borracheiro, mas não consegui nada. Foi aí que sem dinheiro, vim pra rua mesmo”, contou o jovem, ao lado de outro morador de rua, o menor Gabriel, que dormia coberto por outra manta.
As cobertas foram dadas, segundo Olímpio, por um grupo de pessoas que passou por ali e que também deixou comida. “Tem um pessoal preconceituoso, mas tem uma gente boa de coração que dá cobertor e comida. Tem dono de restaurante que ajuda também, mas a Prefeitura nada, só manda os guardas pra tirar a gente. A assistente social quer mandar a gente embora”, reclamou.

O rapaz contou que já foi retirado da praça várias vezes, mas não prefere ficar no local, que é mais movimentado. “Eles falam que a gente não pode ficar aqui, porque é um lugar público, mas e o nosso direito? O pessoal reclama, mas a gente não tem pra onde ir”.

No Rio, Olímpio se sustentava como borracheiro. Nascido em Resende, cresceu no Rio de Janeiro com um tio, mas já enfrentava dificuldades. Veio sozinho, sem dinheiro, porque a situação “já estava feia”. “Eu quero é emprego, mas não acho”.

Há pouco mais de um mês no cargo, a secretária de Desenvolvimento Social, Arlete Rubez Haddad, disse que a situação dos moradores de rua na cidade deve ser uma das prioridades. Ela ressaltou que Cruzeiro está prestes a instalar um Creas (Centros de Referência Especializado da Assistência Social). “Nosso trabalho tem base em várias situações, mas ainda não para os moradores de rua. Com o Creas, teremos que fazer um plano municipal para atender ao morador de rua”.

O órgão já busca apoio de associações para encaminhar pessoas que não possuem casa e emprego. “Falamos com o senhor Paulo Martins, do Emaus de Cachoeira Paulista, para saber o que poderemos fazer a nível municipal, até porque Cruzeiro é um eixo entre Minas, Rio e São Paulo, um entroncamento que atrai essas pessoas”, contou Arlete.

Conferência – No evento, quatro delegados foram eleitos para representar Cruzeiro na conferência estadual, onde a cidade vai apresentar propostas para atrair apoio ao trabalho social. Entre os itens, o pedido da criação de uma cota orçamentária para o setor, como acontece com a saúde e educação. “Sabemos que isso seria menos, pois a demanda é menor”.

Além de levar solicitações à conferência estadual, o evento em Cruzeiro definiu metas para os próximos dez anos, com a intenção de organizar o atendimento, considerado deficitário. “No último plano decenal pouca coisa foi cumprida. Agora vamos cumprir o que não foi feito. Estamos próximos da instalação de três unidades do Cras (Centro de Referência de Assistência Social), sendo um itinerante, o Creas, que será implantado em agosto, além da liberação para o trabalho de 5% do tesouro”.

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Um comentário em “Cruzeiro traça metas para ampliar assistência social

  • 20 de julho de 2015 em 21:05
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    Gostaria de informar a todos os leitores do jornal Atos, que na cidade de Cruzeiro mesmo em meio a muitas dificuldades, desde o ano de 2010 existe uma instituição sem lucrativos (AAP) ASSOCIAÇÃO AMANDO O PRÓXIMO, que atua com este publico alvo “pessoas em situação de rua”. Inclusive o Sr. Olímpio citado na matéria já foi abordado pelos nossos agentes voluntários. Gostaria de informar que a prefeitura municipal de Cruzeiro celebrou convênio com a instituição no dia 16 de abril de 2015 publicado no diário oficial do dia 25/04/2015 com o valor de r$ 2.000,00 reais mensais digo que mesmo que seja um valor pequeno mediante a demanda do município nos ajudar a manter nossos gastos com recursos humanos e outros.
    Conheça nos melhor acesse:
    http://www.facebook.com/aapcruzeiro

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