Cruzeiro ganha novo prazo e acelera cadastramento de famílias no Batedor

Trabalho em conjunto com o Itesp tenta direcionar remanejamento de moradores; agricultores devem seguir em área rural

Famílias Batedor (5)
O agricultor Luiz Ferreira, que aos 75 anos teme a mudança com a desapropriação da área; certidão de nascimento para provar que nasceu no Batedor (Foto: Arquivo Atos)

Francisco Assis

Cruzeiro

As famílias que ocupam uma área no bairro Batedor, em Cruzeiro ainda terão que esperar mais tempo para o fim da novela que já dura 15 anos. A Prefeitura conseguiu o adiamento da reintegração, que teve o primeiro prazo encerrado no último domingo (4). Os moradores passam por novo cadastramento para organizar a transferência para outro local na cidade.

O processo de reintegração de posse, iniciado em 2000 e impetrado pelo Governo Federal, pede a retirada de cerca de 110 famílias da área, considerada de preservação ambiental pela Justiça.

Parte do bairro conta com pavimentação, uma linha de ônibus, uma escola municipal, posto de saúde, um canil e até mesmo uma casa de recuperação.

Em abril de 2014, o juiz da 3ª Vara de Cruzeiro, Claudionor Contri Junior determinou a retirada das famílias, desde então, a administração municipal iniciou o trabalho para readequar os moradores.

No primeiro semestre, em conjunto com o Itesp (Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo), a secretaria de Desenvolvimento Social convocou as famílias do Batedor para inscrições no programa Minha Casa Minha Vida do Governo Federal. A proposta foi repudiada pelos moradores, já que boa parte são trabalhadores rurais, que temem não poder mais trabalhar na área.

É o caso de moradores como Luiz Ferreira da Silva, de 75 anos, um dos personagens de uma matéria do Jornal Atos, em junho, que mostrou a preocupação dos moradores mais antigos. Ele nasceu no bairro e não sabe o que fará se não puder trabalhar com a terra. “Sair daqui ia ser bem ruim. Eu não queria não. Nasci aqui, minha mãe, todo mundo. Eu quero ficar aqui”.

Com o prazo estendido, Prefeitura e Itesp aceleraram o cadastramento, que vai dividir as famílias, que além do MCMV, serão destinadas à outras áreas na Zona Rural. “Queremos ter o conhecimento de quais famílias são de produtores e quais serão transferidas para o Minha Casa Minha Vida. Cada caso, é um caso. Após esse cadastro, teremos um novo prazo para direcionar essas famílias”, explicou o secretário de Meio Ambiente, Ronaldo Madureira.

O Itesp tem sessenta dias para encerrar o cadastro. “Boa parte tem características rurais e terão que ser remanejadas para áreas que propiciem a eles se manter nestas atividades”, lembrou Madureira.

Compartilhar é se importar!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

× Como posso te ajudar?