Campanha em Cruzeiro incentiva “desarmamento infantil”, com troca de brinquedos

Ação no Museu Major Novaes tenta tirar de circulação simulacros de armas de fogo; trabalho preventivo foca redução da violência

Simulacros de armas de fogo; Cruzeiro propõe campanhas para trocar “armas” por livros para crianças (Foto: Reprodução EBC)

Thales Siqueira
Cruzeiro

A secretaria de Educação de Cruzeiro, por meio do Nuppa (Núcleo de Projetos Pedagógicos Articulados) realiza no próximo sábado (13) a campanha de Desarmamento Infantil, no Museu Major Novaes. O objetivo é conscientizar a população sobre os perigos do uso de brinquedos por crianças que façam uma alusão a armas, e incentivar diversão saudável como forma de prevenir a violência.

Durante todo o evento, as crianças poderão fazer a troca de brinquedos que simulam armas por livros. A programação da campanha conta ainda com uma oficina de circo com o Tio Sassá das 14h às 15h30. Já das 15h30 às 16h30, a agitação continua, com as apresentações teatrais do grupo “Fazendo Arte”. A expectativa é que mais de trezentas crianças participem das atividades.

De acordo com a diretora do Nuppa, Cláudia Ribeiro, a proposta foi inspirada pelo projeto do Instituto Sou da Paz e surgiu devido ao contexto atual de violência, invasões e ataques às escolas nos últimos meses. O encontro tem como propósito não apenas “desarmar”, mas também conscientizar a população sobre o uso deste tipo de material por crianças, ainda que sejam de brinquedo.
“O projeto ‘acontece para além deste sábado’ em todas as unidades de ensino da rede municipal de Cruzeiro, com o propósito de construirmos uma cultura de paz nas escolas”.

A diretora disse ainda que a troca de um brinquedo que remete a algum tipo de arma por um livro é uma forma de incentivar o hábito da leitura. “A criança vai colocar a leitura como patamar de brincar, porque ela pode conhecer outros mundos, outras histórias e outras culturas por meio da leitura”, destacou.

Pai da pequena Amora, de dois anos, João Felipe Lazarini, de 29 anos, disse que não possui o hábito de dar esse tipo de brinquedo para a filha e que pretende prestigiar a ação. “É de extrema importância esse tipo de movimento em nossa sociedade. As armas devem ser utilizadas por autoridades de segurança e não por pessoas comuns, civis. Em muitos casos de tiroteios em escolas, o atirador tem acesso a armas de fogo legalmente adquiridas”.

O professor universitário, Miguel Júnior, de 45 anos, contou que também pretende participar da campanha com os filhos Miguel dos Reis (14 anos) e Helena Bittencourt (dois anos) e acredita que eventos como esse precisam ser valorizados já que nos últimos anos existiram ações governamentais de incentivo ao armamento. “A criança deve crescer sabendo de suas responsabilidades e com a consciência de que o poder público é que deve ser responsável pela segurança e não os cidadãos comuns. Transferir essa responsabilidade deveria ser um crime. Ela deve crescer, desenvolvendo o lúdico por meio de brincadeiras e não perdendo tempo aprendendo a ser violenta”.

Segundo Cláudia Ribeiro, ainda não há uma decisão quanto ao destino das armas de brinquedo que serão recolhidas no dia da ação. Uma hipótese é incinerar todo o material e a outra é ressignificar a prática de destruir e convidar artistas do município para criarem outros objetos, uma escultura ou uma manifestação artística a partir dos brinquedos.

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