Em Cachoeira, três partidos são acusados de fraudar cota de gênero com “candidaturas fictícias”
Dadá Diogo, que concorreu ao cargo de vereadora, é autora de três ações criadas para investigar denúncias; pleito na cidade é palco de série de processos eleitorais
Thales Siqueira
Cachoeira Paulista
Não foi só a temperatura que se elevou nos últimos dias, o cenário político em Cachoeira Paulista também voltou a esquentar. Dadá Diogo, que disputou as eleições e não conseguiu uma cadeira no Legislativo, ao lado de seu marido e advogado, José Mauro Barbosa, entrou com três ações de investigação judicial eleitoral. A justificativa dos processos é uma possível fraude à cota de gênero, praticada pelos partidos Republicanos e União e da Federação Brasil da Esperança, que é formada por PT, PCdoB e PV.
Maria da Graça Theodoro Diogo, popularmente conhecida como Dadá Diogo, concorreu ao cargo de vereadora pelo Pode e teve trezentos votos. A candidata autora dos processos é a primeira suplente de vereador pelo seu partido que elegeu dois vereadores: Ademir Lima (570 votos) e Carlinhos Bucholz (380 votos).
De acordo com Barbosa, a motivação de Dadá Diogo ao entrar com as ações se deu pela sua luta pela voz feminina na política. “Passadas as eleições, ela viu que três partidos não estavam cumprindo a cota de gênero e estavam praticando fraude lançando candidaturas fictícias”, destacou o advogado, que comentou ainda sobre um dos casos. “A Jéssica Maria, candidata do União Brasil, teve apenas quatro votos, não pediu voto, a prestação de contas é zerada. O noivo dela e ela pediram votos para o candidato Juliano Satim do Republicanos”.
Mauro contou que o juiz eleitoral de Cachoeira Paulista já mandou proceder a citação de todos os candidatos dos três partidos. “São 14 candidatos de cada partido, 42 candidatos, para que se quiser eles se defendam, mesmo eles não tendo conhecimento ou não terem participado da fraude eles são incitados porque eles se beneficiaram da fraude”.
Segundo o chefe do Cartório Eleitoral, Diego Leão Diniz, caso seja comprovada, a fraude na cota de gênero pode levar à anulação dos votos recebidos pelo partido envolvido, cassando o diploma dos eleitos e exigindo uma nova totalização dos resultados, porém para isso, a decisão precisará ser definitiva, ou seja, não poderá mais caber recurso contra ela. Depois de decididos pelo juiz da Zona Eleitoral, ainda passará pelo TRE/SP (Tribunal Regional do Estado de São Paulo) e até pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O partido Republicanos recebeu 2.186 votos e elegeu dois vereadores: Sérgio Lopes (510 votos) e Tia Dani (409). Já o União teve 2.314 votos e conseguiu duas cadeiras no Legislativo: Felipe Piscina (503) e José Rui Mendonça (374). A Federação Brasil da Esperança totalizou 1.086 votos e elegeu uma vereadora, Thálitha Barboza (479 votos).
“Esses processos ainda estão no início, as próximas etapas são citação dos réus para defesa, audiência para ouvir testemunhas (se houver), alegações finais e manifestação do Ministério Público, para então ser proferida a sentença do Juiz Eleitoral”, declarou o chefe do Cartório.
A reportagem do Jornal Atos entrou em contato com o presidente do partido do Republicanos, Isaque Guimarães, para questionar se com uma possível nova totalização dos votos o partido possa perder as suas cadeiras no Legislativo. “Não haverá, pois não ocorreu nenhuma irregularidade. Todos os requisitos legais que a Justiça Eleitoral exige foram cumpridos”, defendeu Guimarães.
Histórico – Após um reprocessamento dos votos dos candidatos a vereador nas Eleições 2024, houve uma troca de nomes na Câmara de Cachoeira Paulista, para os próximos quatro anos. A recontagem foi realizada no dia 29 de outubro pela Justiça Eleitoral e acabou com a retirada de Adriana Vieira (PSD) entre os eleitos. Agenor do Todico (PL) ficou com a cadeira.