Santuário faz reforma em escadaria da Basílica Velha e gera reclamações de moradores

Obra está etapa final de restauro do templo; Santuário desmente boatos que circulam em redes sociais

Escada construída após polêmica de obra na Basílica Velha; Santuário garante aprovação de projeto arquitetônico (Foto: Marcelo A. dos Santos)

Marcelo Augusto dos Santos
Aparecida

Enquanto debate a retomada das atividades religiosas-turísticas, Aparecida enfrenta uma nova polêmica: a troca da escadaria da Matriz Basílica Velha de Nossa Senhora, em obra que gerou revolta de moradores e fieis. Construída em 1888, a igreja foi tombada em 1982 e a reforma colocou em xeque os cuidados com o setor, apontado como essencial para a retomada na cidade após a crise com a pandemia.

A “Igreja Velha”, como o prédio é conhecido, foi tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) quase um século após a construção.

Desde então, foram algumas ações de restauro. As obras atuais, iniciadas na última semana, fazem parte da última fase de restauro da Basílica Velha, que passa por processo de recuperação desde 2004 com foco na parte interna do prédio. Mas foi a troca dos degraus da entrada da igreja que causaram polêmica.

Um movimento denominado “Centro Velho” que conta com moradores e empresário da área onde fica a basílica e tem como causa a preservação da região histórica da cidade, já havia questionado o projeto. Hoje, sem contar com gestão oficial, o grupo protestou contra a retirada da estrutura centenária.

Segundo o empresário Ernesto Elache, ex-presidente dos Senhores (Sindicato de Hotéis, Restaurantes Bares e Similares Aparecida e Vale Histórico) e um dos fundadores do “Movimento Centro Velho” revelou que a obra foi questionada. “O movimento fez um questionamento do porquê disso. Já que precisava do restauro, que fizessem um restauro do restauro, mas não uma reforma como foi feito”.

Segundo Elache, os membros do grupo tinham permissão do então Bispo da Arquidiocese de Aparecida, Dom Aloísio Lorscheider, para fiscalizar as obras de restauração.

Também membro do “Centro Velho”, a profissional de relações públicas Rosane Costa protestou nas redes sociais. “Só em Aparecida que um bem público, que foi tombado em 1982 pelo Condephaat, tem um absurdo desse, e ninguém toma providências. Arrancaram um pedaço de nossa história num total descaso com a mesma. Onde estava a Prefeitura? E suas secretarias de Cultura e Turismo? Onde estavam os vereadores que não contestaram?”, postou em seu perfil no Facebook.

Ela espera mais cuidado com as ações na igreja, um dos focos do movimento turístico na cidade. “…Será que falta conhecimento da lei de tombamento? Ou falta cultura? E o Santuário Nacional, a qual a igreja referida pertence hoje? Onde estão os arquitetos e engenheiros que realizaram essa sandice? Falta a eles também conhecimento da lei? Falta cultura? Ou apenas colocaram seus nomes em um projeto que fere e descaracteriza uma história? Como aparecidense que sou, fica aqui minha indignação”, criticou.

Questionado, o Santuário Nacional garantiu que teve o aval necessário e oficial para o trabalho. “… entre os anos de 2004 e 2015 foi realizada a restauração que contemplou o espaço interno e suas fachadas. A área externa, embora com as obras também já autorizadas, não recebeu, no período, a execução prevista e aprovada”.

Em seguida, o texto explica que o “… projeto aprovado previa total substituição, por não serem mais originais e estarem deterioradas, as escadas externas também se encontravam na mesma situação. A maioria não possuía revestimento, tendo ‘restado’ apenas piso cimentado. Os fragmentos de revestimento em pedra foram removidos e destinados ao Centro de Documentação e Memória do Santuário Nacional…”.

A Prefeitura, também alvo de críticas, destacou que a havia autorização para o reparo da área externa no dia 8 de abril. “Ontem (quarta-feira) depois de várias denúncias fui até o Santuário para embargar a obra, mas como eles tinham os documentos do Condephaat que libera a troca do piso da área interne e externa não pude fazer nada”, contou o secretário de Obras, José Renato Ribeiro.

Ainda segundo o secretário, foi encaminhado um oficio solicitando uma cópia do documento do Condephaat ao Santuário, que deve ser entregue em 48 horas (prazo encerrado após o fechamento desta edição).

O prédio – Com sua arquitetura em estilo barroca, a Basílica passou por um processe de restauro, que teve início ano de 2004. Em 2020, o exterior foi reformando, onde foi retirada as escadaria de pedras.

Construída em 24 de junho de 1988, a igreja recebeu o título de “Episcopal Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida” em 1893 e o sagração à Basílica Menor a Brasílica Velha em 1908, pelo papa Pio 10.

Em dezembro de 2017, a basílica Velha deixou de ser “Igreja Matriz da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, diocesana, e passou a responder ao Santuário Nacional.

Pela Basílica Velha já passaram os presidentes Conselheiro Rodrigues Alves, Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. A Prince Isabel também passou pelo local, em 1888, quando deixou um presente especial, sua coroa.

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