Falta de médicos no PS de Aparecida prejudica pacientes
Contratados se recusam a atender por falta de pagamento; cidades vizinhas acolhem demanda de atendimento
Rafael Rodrigues
Aparecida
O Pronto Socorro da Santa Casa de Aparecida está atendendo parcialmente os pacientes da cidade e região devido a falta de médicos, que alegam estar há dois meses sem receber os salários. Na manhã desta terça-feira, quem precisou de pediatra teve de recorrer às cidades vizinhas. O hospital já enfrenta greve no setor de cirurgia eletiva e ambulatório médico.
A dona de casa Inês Fonseca viu de perto a crise na saúde da cidade quando levou sua filha ao PS, mas não foi atendida. “Eu cheguei com a minha filha ‘queimando de febre’, mas fui obrigada a ir para Guaratinguetá, porque que aqui em Aparecida não tinha pediatra”.
Funcionando com apenas um clínico geral, o Pronto Socorro de Aparecida só tem aceitado pacientes em estado de urgência e emergência. E não era essa a situação que José Maurício de Assis dos Santos estava passando também na manhã desta última terça-feira. Apesar de estar com muita dor no braço esquerdo, o pedreiro, recentemente operado, não conseguiu sequer ser medicado. “Eu vim procurar um ortopedista, porque eu não estou aguentando de dor aqui no braço, justamente no local onde eu operei não tem dois meses, mas a atendente disse que para atender, só na hora da morte, e se não for em caso de morte eles não podem chamar o médico para me atender”.
A falta de médicos no Pronto Socorro de Aparecida vem desde a última sexta-feira, quando não havia clínico geral para o atendimento de adultos, e nem mesmo os casos de urgência e emergência eram levados para entidade. Na oportunidade, a administração do hospital entrou em contato com os serviços de atendimento móvel de urgência e o Corpo de Bombeiros, alertando que em casos de acidentes ou qualquer outra fatalidade, os pacientes deveriam ser encaminhados para Guaratinguetá.
Durante todo o fim de semana o quadro do PS não esteve completo em nenhum período. De acordo com a entidade, é necessário que tenham no mínimo dois clínicos e um pediatra em cada plantão, o que não está acontecendo desde então.
Cobrança – Além da cobrança natural dos pacientes que não são atendidos em Aparecida, a Câmara também se manifestou através do vereador Elcio Ribeiro Pinto (PR), que apresentou na sessão desta última segunda-feira requerimento cobrando da entidade a prestação de contas dos gastos com o Pronto Socorro.