Mais violenta do estado, região tem déficit de até mil policiais
Sindicato dos Delegados responsabiliza PSDB por defasagem; categoria cobra melhores condições de trabalho
Lucas Barbosa
Regional

Apesar de ser a mais violenta região do estado no ano passado, estatísticas apontam que o Vale do Paraíba enfrenta um déficit de cerca de mil policiais neste início de 2019. Além da contratação de mais profissionais, o Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo) cobra do governador João Doria (PSDB) obras de recuperação das delegacias da região.
Divulgado na última quarta-feira, o levantamento do Sindpesp revelou que o estado convive com um déficit de 13.553 policiais civis.
Já o Vale do Paraíba, que registrou 364 assassinatos em 2018, possui uma defasagem de 309 policiais civis. De acordo com os dados, a região deveria contar com 1.565 agentes, mas tem apenas 1.256.
No comparativo entre os cargos ocupados e os previstos em lei, a região tem deficiência em sete das oito funções da Polícia Civil.
A ocupação mais afetada é a de carcereiro, que ao invés de 264 conta com apenas 159, atingindo um déficit de 105.
Com uma defasagem de 91 profissionais, na “vice-liderança” aparece o cargo de agente policial, já que ao contrário dos 176 previstos em lei, a região tem apenas 85.
As demais funções que enfrentam déficit são delegado (- 11), escrivão (- 33), investigador (78), papiloscopista (-19) e auxiliar de papiloscopista (-21). Em contrapartida, o quadro de agentes de telecomunicações é único com saldo positivo, já que apesar de 46 cargos previstos em lei, a região tem 95 policiais.
Para a presidente do Sindpesp, Raquel Gallinati, o cenário preocupante é resultado da negligência das últimas gestões estaduais. “Este déficit demonstra a incompetência dos governos do PSDB à frente de São Paulo. Além de equipes reduzidas, convivemos com salários baixos e delegacias em péssimas condições estruturais. Esta falta de investimentos não afeta somente os órgãos de segurança pública, mas sim a sociedade como um todo”.
Além de melhorias salariais e na estrutura dos distritos, a presidente revelou ainda que o sindicato da categoria já ressaltou ao novo governador a urgente necessidade da contratação de mais profissionais.
Uma matéria publicada pelo jornal “O Vale”, no último dia 13, afirmou que a Polícia Militar possui um déficit de setecentos agentes na região. A defasagem representa proporcionalmente quase 20% do atual efetivo da PM, que é de cerca de 3,4 mil.
A reportagem do Jornal Atos solicitou a confirmação dos dados ao 5°BPMI (Batalhão de Policia Militar do Interior), responsável pela segurança no Vale do Paraíba, e também apontamentos sobre as principais dificuldades em sua atuação na região, mas nenhuma resposta foi encaminhada até o fechamento desta edição.
Promessas – Durante a campanha eleitoral, Doria realizou uma série de promessas para a área da segurança pública do Vale do Paraíba, como um reforço no contingente e uma melhor estrutura para as atuações das policias Civil e Militar.
Os principais compromissos têm o prazo de até o fim do primeiro semestre de 2019 para serem cumpridas, como as implantações de um Baep (Batalhão de Ações Especiais da Polícia Militar), com trezentos agentes, em Taubaté e de uma unidade do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), em São José dos Campos.
Resposta – A reportagem do Jornal Atos solicitou a confirmação dos dados ao 5°BPMI (Batalhão de Policia Militar do Interior), responsável pela segurança no Vale do Paraíba, e também apontamentos sobre as principais dificuldades em sua atuação na região, mas nenhuma resposta foi encaminhada até o fechamento desta edição.
Em nota oficial, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) afirmou que o combate à criminalidade e o reforço no policiamento em todo o estado são compromissos da atual gestão e que prova disso é que o orçamento da segurança em 2019 foi ampliado pela primeira vez nos últimos anos.
A pasta ressaltou que os recursos específicos para a Polícia Civil também cresceram, chegando a R$ 4,1 bilhões.
Já no Vale do Paraíba, a nota enfatizou que desde 2014 foram investidos cerca de R$7,5 milhões em reformas e ampliações de delegacias e outros R$ 45 milhões na compra de 854 viaturas.
Em relação ao efetivo policial na região, foram incorporados 706 policiais distribuídos entre militares, civis e técnico-científicos. O número deverá crescer em breve já que “está em andamento um concurso para a contratação de mais 2.750 policiais civis”.